Título: Chove, mas nível de usinas é crítico
Autor: Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 22/01/2008, Economia, p. 22

Reservatórios do Sudeste estão abaixo do mínimo de segurança.

As fortes chuvas que caíram em várias partes do Sudeste melhoraram o nível dos reservatórios das hidrelétricas, mas ele continua 1,8% abaixo do mínimo de segurança estimado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para o período. Segundo o órgão, no fim de semana o nível das barragens nas regiões Sudeste e Centro-Oeste ficou em 45,2%, pouco acima dos 44,8% da última sexta-feira.

Um técnico do ONS explicou ontem que o volume de água nos lagos das usinas aumenta de forma gradual: não é apenas em um dia de chuvas que se consegue alterar os níveis armazenados. Além disso, o operador do sistema elétrico já tem fixados os níveis mínimos de segurança previstos para cada dia do mês. No caso do Sudeste e Centro-Oeste, esse nível começou no início de janeiro em 36%, se elevando gradualmente para chegar no fim de janeiro em 53%.

No último fim de semana as termelétricas continuaram operando a pleno vapor, produzindo 4.701 megawatts médios (MW), ou seja, 10,5% da geração de energia no país. A expectativa dos técnicos é poder produzir mais mil MW de energia térmica a partir de meados de fevereiro, com a entrada em operação do gasoduto Cabiúnas-Vitória, que permitirá elevar a oferta de gás natural para o Sudeste em mais 5,5 milhões de metros cúbicos por dia.

Em Brasília, o presidente da Empresa de Planejamento Energético (EPE), Maurício Tolmasquim, garantiu que o governo tem adotado medidas pra evitar o desperdício de energia. Segundo ele, essas medidas são tomadas há vários anos, e estão dentro do Programa Nacional de Conservação de Energia (Procel), que incluem a etiquetagem de geladeiras e motores, para que o consumidor tenha conhecimento do consumo dos aparelhos. Essas medidas de racionalização, advertiu, não representariam a solução para o abastecimento de energia no país:

- A racionalização tem sempre que ser buscada, mas não resolve o problema de uma hora para outra. Implica mudanças de padrões e equipamentos. Estão confundindo racionalização com questões de curto prazo.

Para Tolmasquim, a situação do país hoje não requer a repetição das medidas adotadas no racionamento de 2001. Segundo ele, o governo tem "margem de manobra" para resolver a oferta de energia, sem prejudicar o consumidor, com restrição à demanda.

- Não existe iminência de crise - afirmou o presidente da estatal. (Ramona Ordoñez e Gustavo Paul)