Título: Guerrilha colombiana proíbe médicos da Cruz Vermelha de tratar reféns
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Fonte: O Globo, 22/01/2008, O Mundo, p. 26

Uribe recebe apoio de Sarkozy para solucionar drama de seqüestrados.

BOGOTÁ, PARIS e MIAMI. As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), maior grupo guerrilheiro do país, proibiu ontem que uma missão de médicos do Comitê Internacional da Cruz Vermelha examine os reféns políticos que são mantidos nos acampamentos rebeldes na selva. As Farc tentam negociar a troca de 44 pessoas seqüestradas por razões políticas, entre elas a ex-candidata à Presidência do país Ingrid Betancourt, de nacionalidade franco-colombiana, por 500 guerrilheiros presos.

Cartas e fotografias de oito dos reféns e relatos das recém-libertas Clara Rojas, ex-candidata à vice-presidência na chapa de Ingrid, e a ex-deputada Consuelo González de Perdomo, mostraram as más condições dos reféns, afetados por doenças tropicais, como malária.

Clara Rojas participa de congresso em Madri

O drama dos reféns foi o tema da reunião ontem entre o presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, e seu colega francês, Nicolas Sarkozy. No encontro, que durou cerca de 45 minutos, o presidente francês pediu a Uribe que não descarte qualquer ação "útil" que resulte na libertação dos seqüestrados.

Segundo David Martinon, porta-voz de Sarkozy, o presidente francês apoiou as iniciativas de Uribe na busca de uma solução para o caso dos reféns. Sarkozy agradeceu a Uribe por ter facilitado a libertação de Clara e Consuelo, e o estimulou a manter-se nesse caminho. Uribe, por sua vez, admitiu aceitar a presença de uma força internacional numa eventual zona de encontro, para realizar a troca de reféns por guerrilheiros.

O jornal de Miami "El Nuevo Herald" disse ontem, citando agentes do serviço de informações da Colômbia, que a Venezuela fornece munições à guerrilha. A notícia aumenta a tensão entre Uribe e o presidente venezuelano, Hugo Chávez, que o acusou na semana passada apoiar um plano orquestrado pelos EUA para assassiná-lo.

Já Clara Rojas participou em Madri do Congresso Internacional sobre Vítimas do Terrorismo. Clara, que chegou acompanha da mãe e do filho de 3 anos, Emmanuel, disse considerar uma "honra" se reunir com 440 vítimas de todo o mundo.