Título: Rio está em 3º lugar no ranking que mede desenvolvimento infantil no país
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 23/01/2008, O País, p. 4

RETRATOS DO BRASIL: A mortalidade materna subiu 2,1% de 2000 a 2005

Regiões Norte e Nordeste ficaram abaixo de média nacional em índice.

BRASÍLIA. O Rio de Janeiro ocupa o terceiro lugar no ranking da qualidade de vida das crianças até 6 anos medido pelo Índice de Desenvolvimento Infantil (IDI). O indicador considera dados de saúde e educação e faz parte do Caderno Brasil, divulgado ontem pelo Unicef. O estudo mostra que 45,4% das famílias brasileiras com crianças até 6 anos vivem com menos de meio salário mínimo mensal por pessoa, o equivalente a R$190. No Nordeste, a proporção é a maior: 66,9%. No Sul, a menor, com 38,1%.

Na escala de 0 a 1 do IDI, o Rio alcançou 0,806. São Paulo lidera com 0,856, seguido por Santa Catarina (0,828). O Acre ficou em último, com 0,562. Todos os estados melhoraram seu IDI em relação aos levantamentos anteriores, em 1999 e 2004. O novo estudo usou dados de 2006. A média nacional foi de 0,733, superior à de 19 estados.

- Se o objetivo é que essa realidade seja verdadeira para todos os brasileiros, a análise não pode ficar na estatística nacional, tem que olhar para as diferentes regiões, para a questão racial e para as diferenças entre ricos e pobres - disse a representante do Unicef no Brasil, Marie-Pierre Poirier.

As regiões Norte e Nordeste ficaram abaixo da média nacional do IDI, com 0,655 e 0,647 respectivamente. Ainda assim, todos os estados ultrapassaram a linha de 0,500, o que significa atingir o nível médio de desenvolvimento infantil. No balanço de 2004, Alagoas estava abaixo de 0,500.

Distrito Federal caiu duas posições no ranking

O IDI segue o exemplo do Índice de Desenvolvimento Humano, calculado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Considera quatro indicadores: a escolaridade dos pais de crianças até 6 anos, a vacinação dos bebês, o atendimento pré-natal às gestantes e as matrículas na pré-escola. Só os estados nas três primeiras posições do ranking atingiram a faixa acima de 0,800, de alto desenvolvimento. O Distrito Federal, que antes ocupava a segunda posição, ficou em quarto lugar, com 0,794.

A taxa de mortalidade infantil, que mede o número de óbitos de bebês menores de 1 ano a cada mil nascidos vivos, não faz parte do IDI, mas é reveladora de disparidades regionais e raciais. Segundo o estudo, a taxa é de 27,9 entre pretos e pardos e 20,3 entre brancos. Com isso, o risco de um bebê preto ou pardo morrer antes do primeiro aniversário é 37% maior do que o de um branco. Se for uma criança indígena (grupo no qual a mortalidade infantil é 48,5), o risco será 138% maior do que entre brancos. No Nordeste, a taxa de mortalidade é de 39,5 contra 17,8 no Sul, 121% maior.

A mortalidade materna subiu 2,1% de 2000 a 2005. Melhorar o atendimento pré-natal é um desafio para o país, segundo o Unicef.

Entre crianças e jovens de até 17 anos, 50,3% deles viviam em situação de pobreza, em famílias com renda por pessoa inferior a meio salário mínimo. No Norte, a proporção é de 61,1% e, no Nordeste, chega a 72,5%.

Marie-Pierre cita o programa Saúde da Família, que, segundo o Unicef, atende 110 milhões de pessoas no país. O Bolsa Família também é citado. O relatório afirma: "(...) o desafio enfrentado pelo Brasil é manter a tendência decrescente da mortalidade infantil total e, simultaneamente, adotar um vigoroso foco regional e étnico para o provimento de cuidados de saúde."

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