Título: DEM diz confiar em Serra para garantir aliança
Autor: Aggege, Soraya; Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 23/01/2008, O País, p. 9

Partido aposta que governador vai conseguir convencer o PSDB a desistir de lançar Alckmin e apoiar reeleição de Kassab.

SÃO PAULO. Confiante no poder do governador José Serra (PSDB), a cúpula do DEM decidiu baixar o volume da gritaria em torno da disputa eleitoral pela Prefeitura de São Paulo. Mas continuará exigindo a pré-candidatura do prefeito da cidade, Gilberto Kassab (DEM), na aliança com os tucanos. O partido quer que o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) desista da briga na capital, mantendo a parceria histórica, inclusive para as eleições de 2010. Reunida ontem em São Paulo, a cúpula admitia que a participação de Serra no jantar de apoio a Kassab, anteontem à noite, foi como um selo para a candidatura.

- Os entendimentos para mantermos a aliança são mais importantes que os projetos pessoais - declarou Kassab, ao encerrar a reunião do conselho político do DEM.

Nos bastidores, Kassab e seus aliados teriam decidido apostar no poder de persuasão de Serra, antes de partir para o "tudo ou nada".

- É evidente que a presença de Serra nos tranqüilizou. Ele e Fernando Henrique (ex-presidente) demoverão Alckmin - disse um líder do DEM.

O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), disse anteontem que o caso poderia levar a um rompimento da aliança com o PSDB. Ontem, questionado sobre a mudança no tom após a visita de Serra, afirmou:

- Não (baixamos o tom). Só não potencializamos (a crise com os aliados).

O prefeito do Rio, Cesar Maia (DEM), mostrou-se como um dos maiores entusiastas da candidatura de Kassab:

- Tenho recebido e-mails com afirmações do tipo: "Por que você não traz o Kassab para o Rio?". E isso me envaidece. Se vocês acompanharem a curva de crescimento dele, tanto em matéria de avaliação quanto de intenção de voto, é um crescimento sustentado.

Aliados de Alckmin não crêem em sinal de apoio

Cesar disse que Kassab respeitaria uma negociação para que Alckmin abrisse mão da prefeitura em 2008 e aguardasse a eleição para o governo de São Paulo, em 2010.

- Não há adversários para Alckmin em 2010.

Os tucanos aliados de Alckmin tentaram equilibrar ontem o peso da presença de Serra no jantar do DEM. Para o deputado Edson Aparecido (PSDB-SP), a participação foi uma visita de cortesia, e não sinal de apoio à reeleição de Kassab.

- Se ainda fosse governador, Alckmin também compareceria ao jantar do partido aliado. É natural. Assim como é natural os Democratas terem candidato próprio. O que não é natural é pressionarem o PSDB a não ter candidato próprio, principalmente se esse candidato é o que tem mais condições de vencer a candidata do PT (a ministra Marta Suplicy, que ainda não declarou se concorrerá).

Aparecido diz acreditar que há espaço para negociação.

- O processo de diálogo não está esgotado, mas não se pode esquecer que quem ganhou a eleição em São Paulo foi o PSDB - disse, referindo-se à vitória de Serra, que abriu mão do mandato para governar o estado e deixou a vaga para Kassab.

O deputado estadual Bruno Covas (PSDB), neto do ex-governador Mario Covas, disse que a candidatura de Alckmin é o caminho natural do partido.