Título: Programa divide aliados e oposição no Congresso
Autor: Oliveira, Eliane; Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 23/01/2008, Economia, p. 27

Obras podem ajudar candidato do governo.

BRASíLIA. Os parlamentares governistas, especialmente os petistas, ficaram animados com o balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Eles apostam que o país, a partir deste ano, vai se transformar, de fato, num canteiro de obras, o que poderá ajudar nas eleições de 2010, quando ocorrerão eleições presidenciais. A inclusão de novas obras no PAC, como o trem-bala Rio-São Paulo, é vista como uma prova da confiança do governo e da boa gestão da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff - uma das opções para disputar a Presidência.

Já a oposição diz que os números apresentados ontem não traduzem a realidade do PAC, porque a maioria das obras não saiu do papel.

- O balanço foi muito positivo, mostra que, pela primeira vez, o Brasil está tendo planejamento. Se conseguirmos executar o PAC como o planejado, o candidato que o presidente Lula apoiar terá força política para disputar em 2010 - avaliou o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS).

O líder do PR na Câmara, deputado Luciano de Castro (RR), também aposta no poder de influência das obras do PAC em ano eleitoral. Ele foi ao evento no Palácio do Planalto e voltou ao Congresso confiante de que seu partido irá faturar nas urnas:

- Execução de obras ajuda o governo estadual, prefeitos e deputados ligados ao governo.

Já o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), acha que o PAC está sendo executado muito lentamente e que a maioria dos projetos só existe no papel:

- Esses são os números do governo. Mas quando a gente anda pelo Brasil, a situação é bem diferente. Falta um pouco de tudo: de projetos viáveis, de recursos e de planejamento. O que a gente vê é a tentativa desesperada do governo de aparecer na mídia para gerar notícias positivas.

O líder do PSB no Senado, Renato Casagrande (ES), avalia que o governo fez o possível para tocar as obras do PAC, muitas delas emperradas pela burocracia.

- Espero que as questões burocráticas das licitações tenham sido resolvidas nesse primeiro ano. Este ano, essas obras devem deslanchar - concluiu Casagrande.