Título: Elo com doador era desconhecido, diz Edson Santos
Autor: Balbi, Aloysio; Vasconcellos, Fábio
Fonte: O Globo, 27/01/2008, O País, p. 8

Tesoureiro diz que fez doação a vereador com recursos próprios.

O deputado federal Edson Santos (PT) afirmou que não tinha conhecimento de que a ONG Organização Brasileira de Desenvolvimento de Ações Sociais (Obras), que será beneficiada por uma das suas emendas, ocupa um imóvel de propriedade de um dos seus aliados e doadores de campanha, Célio Pinto Amaro. O parlamentar acrescentou, no entanto, que não vê problema no caso. Segundo ele, Célio é um ex-funcionário seu, e a ONG tem projetos importantes de lazer para serem desenvolvidos.

- Conheci o trabalho da ONG, que atende um número significativo de crianças e jovens. Vários jovens que fizeram curso profissionalizante na ONG já estão trabalhando, e isso é importante para quem vive em áreas de risco - afirmou Santos.

Célio Amaro, que hoje trabalha para o vereador Adilson Pires (PT), contou que a ONG não paga aluguel pelo uso do seu imóvel, apenas as contas de água e luz. Ele acrescentou que conheceu o trabalho da Obras há cerca de dois anos e, por isso, resolveu ajudar a entidade. Ao contrário de Célio, o tesoureiro da ONG, Frederico Boquimpani, afirmou que paga aluguel pelo uso do imóvel, mas não quis dizer o valor.

ONG afirma que emenda seria a primeira em dez anos

O deputado federal Jorge Bittar (PT) explicou que a sua emenda para a Associação de Integração de Deficientes (Assidef) destina-se especificamente a atender projetos para portadores de deficiência. Na sexta-feira, o deputado disse, inicialmente, que iria analisar o caso e que até poderia pedir a suspensão da emenda, caso ficasse comprovada alguma irregularidade no uso dos recursos. Mas, num segundo telefonema, Bittar acrescentou que não via problema na emenda para a Assidef, uma vez que o vereador Flávio Nakandakari não estava mais à frente da ONG.

- A Assidef existe há anos e faz um trabalho reconhecido publicamente. O dinheiro será aplicado em serviços para os portadores de deficiência e, até onde apurei, não há problemas - ressaltou Bittar.

O tesoureiro da Assidef, Manoel Roque Ferreira Melo, defendeu a entidade. Segundo ele, somente ano passado, a Assidef fez cerca de 50 mil atendimentos e sem a ajuda de qualquer emenda parlamentar. De acordo com Melo, a emenda de Bittar seria a primeira que a entidade receberia em quase dez anos de existência. O tesoureiro disse ainda que é professor da rede estadual e que fez uma doação espontânea para a candidatura de Flávio Nakandakari:

- Tenho todos os documentos comprovando a minha doação. Os recursos são dos meus rendimentos como professor. Além disso, trabalho voluntariamente na Assidef - afirmou.