Título: Manual do investidor para enfrentar a crise
Autor: Rangel, Juliana
Fonte: O Globo, 28/01/2008, Economia, p. 18

Especialistas explicam como fazer o dinheiro render em meio à turbulência no mercado, de acordo com o perfil.

O mercados financeiros em todo o mundo voltaram a passar por forte turbulência na última semana, devido ao agravamento da crise no mercado de crédito dos Estados Unidos. Diante das fortes quedas da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) ¿ que chegou a registrar recuo de 6,6% durante a semana ¿, investidores passaram a questionar quanto tempo a instabilidade vai durar, quais serão as conseqüências e o que fazer com as aplicações. Especialistas dizem não ser possível dar, com exatidão, as respostas para as duas primeiras perguntas. Mas, quanto à terceira, são unânimes em alertar: vender ações agora pode significar prejuízo.

¿ Esse sobe-e-desce faz parte do jogo. Geralmente, as quedas das bolsas são rápidas e as subidas mais lentas. O problema é que muita gente investe com base na valorização já registrada pelos papéis. E a máxima de que rentabilidade passada não é garantia de ganho futuro é a mais pura verdade ¿ diz o vice-presidente do Santander Asset Management, Marcio Appel.

O superintendente de renda variável do banco Itaú, Walter Mendes, acha que um cenário mais tranqüilo poderá se estabelecer depois de julho. Para investidores mais conservadores, porém, seu conselho é tomar distância do mercado de ações.

¿ Neste caso, eu ficaria fora da Bolsa, esperando uma clareza maior, em um investimento que fosse o mais líquido possível ¿ diz, recomendando os fundos DI ou de renda fixa, considerados mais seguros.

Aquiles Mosca, estrategista de investimentos pessoais do ABN Asset Management, separa os detentores de ações em dois grupos:

¿ Quem entrou no fim de 2007 ou depois do período de alta da Bovespa deve esperar. Se vender os papéis agora, terá uma perda que levaria, no mínimo, dois anos para ser recuperada em um fundo DI. Mas, se o investidor já desfrutou da alta de 2007, pode reduzir a exposição ao mercado de ações.

Todos, no entanto, têm uma mesma convicção: a longo prazo, os preços das ações estão atraentes e podem ser uma oportunidade de ganhos.