Título: Mudanças no Fórum Social serão avaliadas em abril
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Fonte: O Globo, 29/01/2008, Economia, p. 27

SÃO PAULO e RIO. A versão descentralizada do Fórum Social Mundial (FSM), que no lugar do megaencontro anual realizou atividades, no sábado, em cerca de 700 localidades de 81 países, será avaliada em abril, na Nigéria, África. Foi a primeira vez, desde a criação, em 2001, que o FSM não teve uma sede global, ou três, como ocorreu em 2007.

- A decisão de descentralizar já considerava que o evento poderia sofrer um baque e ter pouca visibilidade na mídia. Em compensação, os temas regionais acabaram sendo valorizados - analisou Oded Grajew, do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social (Ethos) e um dos idealizadores do FSM.

Grajew não concorda que o FSM foi parar no divã, mas admite que o evento precisava ser repensado. O mesmo raciocínio é defendido pelo cientista social Emir Sader, que não considera a pouca visibilidade na mídia este ano um problema. Problema mesmo, diz ele, é o FSM não eleger um tema global para defender, como a "guerra e a paz".

Na avaliação de um dos fundadores do FSM e membro do Conselho Internacional, Cândido Grzybowski, além das edições centralizadas, o FSM pode passar a englobar a experiência deste ano, com protestos sobre temas locais marcados para um mesmo dia.

Com isso, os organizadores esperam resolver um antigo dilema: aumentar o número de participantes, que em algumas edições chegou a 170 mil pessoas, sem ter de investir mais em estrutura.

- Nós temos um limite estrutural para garantir os debates. Nosso objetivo sempre foi o diálogo entre as diferenças, mas com muitos participantes criam-se cacofonias. - disse Cândido Grzybowski. (Soraya Aggege e Liana Melo)