Título: Adesão ao Supersimples supera projeções e prazo termina 5ª feira
Autor: Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 29/01/2008, Economia, p. 28

Receita reduz burocracia para ingresso no sistema que unifica 8 impostos.

BRASÍLIA e NOVA YORK. As empresas interessadas em aderir ao Simples Nacional - o Supersimples, sistema tributário especial que unifica oito impostos federais, estaduais e municipais -, para desfrutá-lo ainda este ano, têm até quinta-feira, 31 de janeiro, para enviar a documentação. Na semana passada, novidades anunciadas pela Receita Federal reduziram a burocracia e aumentaram facilidades para empresas em processo de abertura, o que deve tornar o regime mais atraente. Por isso, a previsão de adesão de 200 mil micro e pequenas firmas em 2008 já foi superada. Até ontem, 205.275 donos de empresas já haviam feito a opção.

Para autoridades e especialistas, esse movimento representa o sucesso do regime tributário. Este ano, até quinta-feira passada, apenas 8.408 firmas pediram o desligamento do sistema. Os números são importantes, pois o Supersimples, que vale para microempresários com faturamento de até R$2,4 milhões anuais, começou a valer, em julho, sob críticas, já que problemas persistiam, como nas regulamentações estaduais.

- O Simples foi uma grande encomenda dos empresários, elaborado a partir de entrevistas com milhares de donos de empresas em todo o país. Ainda que a lei não tenha sido entregue exatamente como foi solicitada, nas questões centrais foi um avanço importante - disse Bruno Quick, gerente de Políticas Públicas do Sebrae Nacional.

O governo federal, na semana passada, deu mais dois passos visando a atender a "encomenda" dos empresários. Editou norma para facilitar que empresas optem pelo sistema de contabilidade simplificado, segundo as novas regras do Conselho Federal de Contabilidade. Outra resolução permite que as empresas novas, quando aprovadas no Supersimples, passem a integrar o sistema retroativamente desde a abertura do seu CNPJ - primeiro passo para a formação de uma firma - e não mais pela data da aprovação da prefeitura, a última etapa.

Segundo Quick, a maioria dos empresários que migraram para o Supersimples está satisfeita, pagou menos impostos e conseguiu mais tempo para se dedicar aos negócios. É o caso de Thiago Ciampi e Jair Jung Matos, sócios da Java Swell Surf & Street Wear. Eles expandiram a empresa utilizando as novas regras. Graças ao Supersimples, abriram uma filial em setembro, em vez de abrir outra firma, o que as pessoas sempre faziam para pagar menos impostos.

- Isso só foi possível pois o Supersimples tem alíquotas progressivas. Fizemos as contas e percebemos que compensava, podemos crescer no novo sistema - disse Ciampi. - Antes havia oito guias, oito documentos, oito vezes mais chances de errar, de ficar encrencado.

Jornal americano: impostos atingiram limite no Brasil

Em reportagem publicada ontem, o jornal americano "Wall Street Journal" afirma que o Brasil está perto do limite da tolerância a impostos. A reportagem faz menção à não aprovação da CPMF no Congresso, no mês passado, como um sinal de que os políticos estão "finalmente acordando para o fato de que o governo não pode continuar espremendo o público para sempre".

"A morte de qualquer imposto, em qualquer lugar do mundo, é uma boa notícia econômica, mas no Brasil é apenas um pouco menos impressionante do que foi a queda do Muro de Berlim para o Leste Europeu", diz o jornal.

Segundo o diário, os impostos sobre a produção do setor privado no Brasil são extraordinariamente altos. "Se Brasília estiver começando a recear que o aumento de impostos implica custos políticos, uma mudança épica pode estar a caminho."

(*) Com agências internacionais