Título: Cúpula de diretores isola grupo de Agaciel
Autor: Colon, Leandro
Fonte: Correio Braziliense, 25/04/2009, Política, p. 12

Advogados e consultores do alto escalão do Senado iniciam negociação para selar a paz e tentar acabar com a crise interna na Casa. Mas acordo inclui a preservação do atual diretor-geral.

Gazineo: reunião de diretores pode fortalecer diretor-geral. Uma reunião de duas horas deu início a um movimento que pode isolar o grupo de Agaciel Maia no Senado e estancar parte da crise administrativa instalada na Casa há quase dois meses. A portas fechadas, sentaram-se à mesa na manhã de quinta-feira três advogados de carreira e três consultores legislativos de alto calibre que disputam o poder interno após a queda de Agaciel da diretoria-geral.

Eles abriram um diálogo para evitar agressões e trabalhar para o andamento do Senado numa era pós-Agaciel. A conversa, revelada ontem pela coluna Brasília-DF, foi franca. Cada grupo apontou sua insatisfação com o outro. Houve a avaliação, por exemplo, de que, juntos, podem ser mais fortes do que separados. Não fecharam nenhum acordo de união, mas começaram uma conversa que pode desanuviar o clima de beligerância que tomou conta do Senado nos últimos 60 dias.

A bandeira branca foi estendida pelo grupo de advogados, que procurou os consultores para a conversa. O movimento dos primeiros tenta preservar o advogado José Alexandre Gazineo na diretoria-geral e mostrar ao presidente José Sarney (PMDB-AP) que eles podem ajudá-lo a contornar a crise que paralisa o Senado. Um acordo entre os grupos interessa ao senador, incomodado com a guerra interna e a onda de denúncias no campo administrativo.

O primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), não esconde a insatisfação com Gazineo, que era diretor-adjunto de Agaciel. O senador quer substituí-lo pelo consultor de Orçamentos, Fábio Gondim, que, aliás, esteve na secreta reunião de quinta-feira, ocorrida na sala de Gazineo, no terceiro andar do anexo I do Senado. Além dos dois, mais quatro do alto escalão participaram do encontro: pelos advogados, o diretor do Controle Interno, Shalom Granado, e o ex-advogado-geral Alberto Cascais. Da outra ala, o consultor-geral, Bruno Dantas, e Luiz Fernando Bandeira de Mello, que, embora tenha entrado na Casa como consultor, ocupa o cargo de Advogado-Geral do Senado desde outubro.

Briga por cargo Cascais, que perdeu o cargo para Bandeira em outubro do ano passado após procurar brechas para a lei antinepotismo, vinha trabalhando para Sarney substituir o desafeto. O presidente do Senado chegou a topar a troca, mas a cozinhava em banho-maria. Após a conversa de quinta-feira, os ânimos se acalmaram. Por enquanto, Bandeira está mantido. Agora, o jogo é outro. Cascais sonha com a indicação para o Conselho Nacional de Justiça e tudo o que menos quer é um fogo interno que o prejudique dentro do Senado. Apadrinhado por Sarney e Renan Calheiros (PMDB-AL), Cascais saiu de cena, mas mantém sua articulação nos bastidores.

O saldo da conversa entre o alto escalão administrativo, por enquanto, é a manutenção de todos nos respectivos cargos e a expectativa de novas reuniões nos próximos dias. Na conversa de quinta-feira, José Alexandre Gazineo alegou que pegou ¿o bonde andando¿ e que não tem vínculos com o grupo de Agaciel, enquanto o consultor Fábio Gondim afirmou que jamais tentou substituir o colega. Gazineo desgastou-se na semana passada na reunião da Mesa Diretora. O servidor tomou uma bronca pública de Heráclito Fortes ao levantar uma discussão sobre cota de combustível. Na avaliação do parlamentar, qualquer assunto de conotação administrativa deve ser abordada por ele e não pelo diretor numa reunião entre senadores. ¿Você não passa por mim. Não sou moleque¿, reagiu o senador.