Título: Divisão entre cubanos e brasileiros
Autor: Passos, José Meirelles
Fonte: O Globo, 29/01/2008, O Mundo, p. 29

MIAMI, Flórida. Não passa um dia sem que eles estejam ali, sentados horas a fio no clube de dominó do Parque Máximo Gomez, em Little Havana, o bairro cubano. Nas últimas duas semanas, além da habitual nostalgia ¿ continuam sonhando com a possibilidade de, dia desses, voltar definitivamente a Cuba ¿ Rosalia Martínez, 82 anos, e Gabriel Ochoa, 83, têm falado muito sobre política americana.

¿ Giuliani é o homem certo para essa época. Ele é firme, enérgico, valente. Estamos precisando de alguém assim ¿ diz a viúva, tentando convencer os velhos amigos a conduzir o ex-prefeito de Nova York à Casa Branca.

Do outro lado da mesa, Ochoa, alfaiate aposentado, também viúvo, retruca:

¿ Nada disso. Estamos precisando de alguém mais moderado. McCain é mais calejado na política, é um herói de guerra que viu o inimigo cara a cara. Ele fala com conhecimento de causa e não precisa ficar bancando o valente.

Rosalia e Ochoa refletem a divisão da comunidade cubana da Flórida que, praticamente em peso, continua apoiando republicanos. A brasileira, por sua vez, pende mais para os democratas. Mas não há unanimidade.

O carioca Eugenio de Souza, radialista e promotor de eventos, residente há 12 anos no país, acha que Hillary Clinton é mais experiente, mas ainda não está totalmente convencido:

¿ Esse detalhe fala mais alto, faz a diferença. Mas ainda estou dividido entre ela e Obama.

A dúvida da advogada gaúcha Genilde Guerra, há mais de 20 anos nos EUA, é maior: não sabe se vota num democrata ou num republicano:

¿ Está difícil. Hillary tem potencial enorme, mas é radical demais em alguns aspectos. McCain parece mais sensato, mas é muito militar ¿ disse. (J.M.P.)