Título: Botânico alerta para efeito Cinderela do etanol
Autor: Albuquerque, Carlos
Fonte: O Globo, 29/01/2008, Ciência, p. 33

Falta de organização e desmatamento acabariam com os sonhos de liderança no setor.

Há uma grande possibilidade de que os benefícios econômicos da cana de açúcar e seu potencial de produção de biocombustível tenham um prazo limitado e causem no Brasil o que Marcos Buckeridge chama de ¿efeito Cinderela¿. Embora reconheça o estágio avançado do país no setor, ele lembra que outras nações estão investindo cada vez mais dinheiro e tecnologia para produzir o seu próprio combustível. O botânico faz uma comparação com o ciclo de borracha no país, entre 1879 e 1912.

¿ Quando a possibilidade de lucrar diminuiu, os ingleses levaram a planta para a Ásia e passaram a produção de borracha para lá.

Há algumas semanas, por exemplo, foi anunciada uma parceria entre duas empresas americanas, General Motors e Coskata, para a produção de etanol, utilizando biorreatores e microorganismos. Buckeridge teme que esse ¿efeito Cinderela¿ já tenha começado.

¿ Isso deve ser visto como um estímulo para o Brasil investir mais e se organizar melhor para ocupar o seu espaço.

Buckeridge ressalta que o Brasil tem uma condição única no planeta, já que possui uma das maiores áreas em terra que passa diariamente em frente ao Sol.

¿ Temos a maior capacidade fotossintética do planeta. Com mais fotossíntese se produz mais biomassa e, portanto, mais biocombustível. Temos que equilibrar isto bem, evitando também o desmatamento. Ou então nossa carruagem vai virar abóbora. (C.A.)