Título: Nomeações para principais vagas no setor elétrico, só depois do carnaval
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 30/01/2008, O País, p. 4

Indefinições do PMDB e vetos de Dilma adiam anúncio de escolhidos.

BRASÍLIA. A cúpula do PMDB desembarcou em Brasília ontem para nova rodada de negociações com o governo, mas deixou a capital frustrada, sem emplacar seus apadrinhados para os principais cargos do setor elétrico. Com uma briga deflagrada dentro do partido em torno de diferentes nomes e enfrentando resistências da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, a certos indicados, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, adiou para depois do carnaval o anúncio dos escolhidos.

Na segunda-feira, o presidente do PMDB, Michel Temer (SP), foi avisado pelo ministro José Múcio (Relações Institucionais) de que as indicações estavam com problemas, em especial a de Evandro Coura - nome bancado pelo senador José Sarney (PMDB-AP) e vetado por Dilma.

Devido ao mal-estar, a reunião marcada para ontem entre Lobão, Múcio e o PMDB foi adiada para depois do carnaval. Temer avisou a parlamentares do partido que o problema está no comando da Eletrobrás e da Eletronorte. Apesar de ter Sarney como padrinho, Evandro Coura teve sua nomeação praticamente descartada. Dilma, que é contra sua indicação, prefere manter Valter Cardeal no cargo que ocupa interinamente. Como segunda opção, ela avisou que aceita a escolha de Flávio Decatt na presidência da Eletrobrás.

Indicado de Jader teria sido aceito para Eletronorte

Decatt é indicado pelo senador petista Delcídio Amaral (MS), mas tem apoio de parte do PMDB - o senador Renan Calheiros (AL) e o deputado Jader Barbalho (PA) -, o que evidencia a briga no partido. Diante de tantas indefinições, José Múcio disse a Temer que era preferível adiar a reunião.

Decatt tem ligações ainda com o governador de Minas, Aécio Neves. Já Valter Cardeal, que acumula o cargo de presidente interino da Eletrobrás com o de diretor de engenharia é tido como aliado de Dilma. Com a perda da indicação de Evandro Coura, Sarney seria compensado com a indicação do diretor-financeiro, que poderá ser Astrogildo Quental. Temer voltou para São Paulo irritado.

O governo já aceitou a nomeação de Jorge Zelada para a Diretoria Internacional da Petrobras, mas sua nomeação foi adiada devido à pressão de Delcídio, que quer manter Nestor Cerveró no cargo, manobra que também teria o apoio de Renan e Jader.

O presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), confirma que chancelou o nome de Evandro Coura, mas que desconhecia eventuais vetos de Dilma ou do mercado ao nome. Para o comando da Eletronorte, Lívio de Assis foi indicado por Jader e teria sido aceito.

COLABOROU Adriana Vasconcelos