Título: Ministra e governador têm encontro tenso
Autor: Franco, Bernardo Mello; Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 31/01/2008, O País, p. 3

Blairo Maggi e Marina Silva voltam a divergir sobre dados.

CUIABÁ. Em sua viagem a Mato Grosso, a ministra Marina Silva enfrentou uma saia justa numa reunião com o governador Blairo Maggi, ainda no Aeroporto de Sinop (MT). A polêmica se estabeleceu porque o governo de Mato Grosso não aceita os números divulgados pelo Inpe. O encontro foi tenso. Enquanto o governador insistia que não houve aumento no desmatamento, Marina afirmava que não mudará o decreto que estabeleceu 36 municípios onde está proibida a derrubada de árvores. Durante a entrevista, Maggi interrompeu Marina:

- Preciso falar agora, se não vou ficar com o chapéu na mão. Os dados de abril a setembro não estão corretos. Isso dá a Mato Grosso o direito de achar que os para frente também estarão errados.

- Não adianta essa discussão, e o governador tem a consciência do trabalho que ele fez para reduzir o desmatamento no estado - contemporizou a ministra.

Marina fez um sobrevôo em áreas de desmate na Região Norte do estado com os ministros Tarso Genro (Justiça), Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário) e Enzo Martins (interino da Defesa), além de policiais federais, servidores do Ibama e o diretor do Inpe, Gilberto Câmara. A comitiva desceu de manhã na Base Aérea do Cachimbo, Sul do Pará. Lá, embarcou em um helicóptero do Exército e foi a Marcelândia, no Norte de Mato Grosso, onde também embarcaram o governador Blairo Maggi e o secretário estadual de Meio Ambiente, Luiz Henrique Daldegan. O helicóptero sobrevoou cidades como Guarantã do Norte e Peixoto de Azevedo, que também registram alto índice de desmatamento.

O governo de Mato Grosso contesta os números divulgados pelo Inpe de que 53% do desmatamento entre novembro e dezembro foi verificado em Mato Grosso. Para provar que os números estão errados, o governador se baseia em vistoria realizada pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) e pelo Ibama em 113 pontos de desmate detectados pelo Inpe entre abril e setembro do ano passado. Segundo ele, em 80,52% das coordenadas checadas o desmatamento era antigo e fazia parte de estatísticas anteriores.

* Especial para O GLOBO