Título: Ativista propõe cadastrar armamento
Autor: Weber, Demétrio; Dutra, Marcelo
Fonte: O Globo, 31/01/2008, O País, p. 8

Diretor do Sou da Paz defende que governo tenha controle dos registros.

SÃO PAULO. O diretor-executivo do Instituto Sou da Paz, Denis Mizne, propõe que, ao retomar a campanha do desarmamento, o governo faça ao mesmo tempo o trabalho do recadastramento das armas. Segundo ele, o principal motivo para a campanha recomeçar é a queda no número de homicídios no período em que foi realizada, entre 2005 e 2006:

- A velocidade do ritmo da queda dos homicídios diminuiu depois que a campanha acabou e veio o referendo. É importante que a campanha pelo desarmamento seja retomada junto com o recadastramento das armas. Assim teremos menos armas ou armas sob controle.

Segundo ele, o desarmamento com o recadastramento são fundamentais para que o Estatuto do Desarmamento continue sendo respeitado. Mizne lembra do Código Nacional do Trânsito, implantado em 1997 e que teve como conseqüência uma grande redução de mortes em acidentes até 2000.

- Mas, depois de 2000, foram feitas várias alterações, exceções que desfiguraram o Código. Aí o número de mortes no trânsito voltou a subir.

Outro aspecto que Mizne considera fundamental na retomada da campanha são as parcerias com a sociedade civil.

- As pessoas querem entregar as armas perto de suas casas, não querem ficar andando com a arma. É preciso que haja uma rede de postos de entrega das armas montada com a sociedade civil, nas associações dos bairros, nas igrejas e em outras entidades.

Na avaliação do dirigente do Instituto Sou da Paz, foi positivo o resultado apresentado pelo Mapa da Violência nos Municípios Brasileiros, que mostrou queda pelo terceiro ano consecutivo no número de homicídios no país. Em São Paulo, sede do Instituto Sou da Paz, onde a queda no número de homicídios foi de 45,5% entre 2003 e 2006, Mizne aponta três fatores para o resultado: maior preparo das polícias, que passaram a ter mais treinamento, pessoal e equipamento; investimento de organizações não-governamentais e prefeituras em áreas afetadas pela violência; e o controle proporcionado pelo Estatuto do Desarmamento.