Título: Lobão Filho toma posse e diz que não se licencia
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 31/01/2008, O País, p. 9

Novo senador afirma que deixará o DEM e explicará as denúncias de uso de laranjas em empresa no Maranhão.

BRASÍLIA. Numa discreta cerimônia no gabinete da presidência do Senado - que por pouco não aconteceu no escuro devido a um rápido apagão elétrico nas instalações da sala - o empresário Edison Lobão Filho (DEM-MA) assumiu ontem a vaga de suplente de seu pai, o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA). O novo senador anunciou que não pretende se licenciar do mandato por conta das denúncias de que teria usado laranjas ao deixar a sociedade da Bemar Distribuidora de Bebidas, em 1998. E confirmou a intenção de se desligar do DEM, antecipando que recebeu convites para ingressar em três partidos governistas: PMDB, PR e PTB, mas ainda não decidiu seu destino.

- Fui julgado pelo meu partido por presunção. Eu julgo isso uma descortesia comigo. A lei já prevê que, em caso de perseguição e hostilidade, eu possa me desligar do partido. Tudo indica, porém, que esse desligamento será amigável. Me sinto livre hoje politicamente para dizer ao meu partido que não me sinto confortável nele e que desejo me retirar.

Antes de formalizar a decisão, Lobão Filho disse que apresentará esclarecimentos ao partido que comprovariam que são falsas as denúncias. Mas não apresentou documentos à imprensa.

- Esse é um assunto fora de pauta, mas vamos esclarecer. A questão da laranja já foi explicada: a transferência há dez anos para uma empregada doméstica com assinatura falsificada. Seria complicado se a empregada doméstica fosse minha, mas é dos sócios que hoje estão lá. Era empregada há 20 anos deles e continua empregada deles. Eles assumem toda a responsabilidade por conta da empresa, assim como os seus débitos, que estão sendo pagos - afirmou.

Convencido de que a denúncia não prosperará no Senado, por se tratar de assunto anterior ao mandato, Lobão Filho disse que tem documento firmado pelos ex-sócios que o isentaria de responsabilidade sobre os débitos da empresa, investigada por sonegação fiscal, ou pela participação da empregada doméstica como acionista. Ele quis mostrar firmeza ao enfrentar duas saias justas: primeiro, quando questionado sobre o apelido de Edinho 30, referência ao percentual que cobraria para intermediar contratos no governo do estado, quando o pai era governador:

- Esse foi um apelido colocado há 20, 15 anos, é pejorativo e desagradável.

E diante dos questionamentos de que seria mais um suplente sem votos, prometeu projeto acabando com a figura de suplente de senador.