Título: Cartão: autoridades pedem mais rigor
Autor: Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 02/02/2008, O País, p. 4

Para Pertence, mecanismo é mais transparente, mas é preciso controle eficaz.

BRASÍLIA. Mesmo com as denúncias que levaram à demissão da ministra Matilde Ribeiro, autoridades dos Legislativo e do Judiciário defenderam ontem a utilização do cartão corporativo, mas cobraram maior rigor na fiscalização dos gastos e punição dos responsáveis pelo uso irregular. Atual integrante da Comissão de Ética Pública e ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Sepúlveda Pertence disse que o mecanismo é mais transparente do que outras modalidades de pagamento de despesas administrativas - como, por exemplo, o reembolso na conta bancária do servidor. O presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), defendeu investigação dos casos suspeitos, mas não por uma CPI.

- A rigidez e a transparência no uso desse instrumento há de ser saudável. A questão é estabelecer um instrumento eficaz de transparência e controle. O cartão em si é positivo, permite muito mais transparência do que o velho sistema de liberação de verbas orçamentárias para gastos inevitáveis das altas organizações - disse Pertence.

Garibaldi afirmou que defende a apuração do mau uso de cartões corporativos por ministros, mas argumentou que, por enquanto, não é necessária uma CPI para analisar o caso:

- As providências estão sendo tomadas. Não está havendo omissão nem leniência. Nem sempre a CPI é o único instrumento de apuração.

O ministro Carlos Ayres Britto, do STF, não quis comentar casos específicos, mas defendeu a investigação:

- Todos nós saudamos as investigações, porque o princípio da moralidade administrativa é de estatura constitucional e ele impõe a fidelidade do servidor a ele. Mas não tenho a menor condição de avaliar se houve ou não houve (irregularidade).