Título: Reforma do Tom Jobim custará R$400 milhões
Autor: Schmidt, Selma
Fonte: O Globo, 02/02/2008, Rio, p. 17

Infraero espera recuperar aeroporto em três anos, aumentando capacidade para 20 milhões de passageiros/ano

Pelo menos três anos de obras e investimentos entre R$350 milhões e R$400 milhões para recuperar totalmente o Aeroporto Tom Jobim. Essa é a meta anunciada ontem pelo presidente da Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária (Infraero), Sérgio Gaudenzi. Segundo ele, com a reforma, a capacidade do aeroporto internacional do Rio aumentará de 15 milhões para mais de 20 milhões de passageiros por ano.

- É uma pena olhar e ver o que aconteceu com o Galeão. Liquidaram com o aeroporto. Vamos ter que fazer um trabalho de fôlego e vai demorar para recuperar o Galeão, de modo que ele possa voltar a ser, junto com Guarulhos, um dos maiores aeroportos do hemisfério Sul - disse Gaudenzi, que visitou ontem as obras iniciais que estão sendo feitas no Tom Jobim.

Um dossiê detalhando a situação do Tom Jobim foi elaborado pela equipe do diretor de operação da Infraero, brigadeiro Cleonilson Nicácio. O documento foi entregue ao Ministério da Defesa.

As primeiras obras - algumas iniciadas - custarão cerca de R$50 milhões e devem se estender por mais seis meses. Elas incluem a substituição das juntas de dilatação das pistas de concreto, a melhoria da iluminação das pistas e das luzes de aproximação e a recuperação de banheiros, elevadores e escadas rolantes.

A Infraero espera receber R$135 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A primeira licitação com verbas do PAC, para a contratação da empresa que detalhará o projeto para o Terminal 1, está marcada para o próximo dia 8.

A bancada de deputados federais do Rio também se juntou para apresentar emenda ao orçamento da União de 2008, visando a garantir cerca de R$100 milhões para o Tom Jobim. Parte dos recursos para as obras deverá ser da própria Infraero.

- Primeiro temos que concluir o Terminal 2, que está inacabado, para que ele passe a operar plenamente. Desse forma, poderemos fechar o Terminal 1, para poder reformá-lo. O Terminal 1 precisa de uma reforma geral: hidráulica, elétrica, de informática. Não tem um sistema que a gente possa dizer que esteja funcionando no terminal - explicou Gaudenzi.

Infraero critica idéia de privatização de aeroportos

Na sua visita ao Rio, o presidente da Infraero criticou a proposta do governador Sérgio Cabral, que defende a privatização dos aeroportos Tom Jobim e Santos Dumont:

- Precisamos dos aeroportos rentáveis, para suprir os que não são. Temos 67 aeroportos. Digamos que dez deles sejam rentáveis. Ninguém vai querer pegar o aeroporto no meio da Amazônia, mas o pessoal que está lá necessita dele.

Contrário à privatização, Gaudenzi é um defensor da abertura de capital da Infraero, nos moldes da Petrobras, em que a União detém a maioria das ações. Ele acredita que, com a abertura de capital, a Infraero possa até se internacionalizar, passando a administrar aeroportos no exterior, o que hoje é proibido por estatuto.

- Temos todas as teias e limitações da administração direta. Diria que é impossível administrar 67 aeroportos num continente de 8,5 milhões de quilômetros quadrados com uma autarquia. A injeção de capital oxigena a empresa. A abertura de capital também enseja uma fiscalização pró-ativa, que é a fiscalização do acionista - disse Gaudenzi, acrescentando que a abertura de capital da Infraero depende de decisão de governo.