Título: Não comando coisíssima nenhuma, só os postos que ocupo
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 04/02/2008, O País, p. 3

BRASÍLIA. Do interior do Pará, onde diz estar entregue à leitura de um livro sobre Getúlio Vargas, neste período de recesso parlamentar, o deputado Jader Barbalho (PMDB-PA) falou com o GLOBO. Ele confirma sua amizade com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e diz que lhe foi pedida a indicação de um nome para comandar a poderosa estatal Eletronorte, que tem para esse ano um orçamento de mais de R$5 bilhões. Segundo ele, sua influência no governo Lula e no governo paraense são fruto da imaginação da imprensa.

Maria Lima

Está tudo certo para a nomeação de Lívio Rodrigues para a Eletronorte?

JADER BARBALHO: Só quem pode dizer é o ministro Edison Lobão, mas seu nome já foi colocado há bastante tempo. O Carlos Nascimento, que também foi colocado lá por sugestão minha, em janeiro de 2007, manifestou não ter mais condições de ficar no cargo. Eu então apresentei o currículo do doutor Lívio. Aqui e ali vejo na imprensa que ele não tem conhecimento da área. Mas já foi diretor das Centrais Elétricas do Pará.

Livio é outro homem do senhor que comandará a estatal?

JADER: Homem meu não é, porque não tenho homem nenhum. Só tenho minha mulher Márcia. Apenas fiz a indicação de um técnico.

É um técnico, mas todos sabem que o senhor é quem realmente comandará o órgão, como outros que indicou ...

JADER: Eu não comando coisíssima nenhuma, só os postos que ocupo. Quem indicou o Nascimento fui eu, mas não sei nem onde fica a sede da Eletronorte em Brasília.

O senador José Sarney teve uma de suas indicações para a Eletrobrás vetadas (a de Evandro Coura). Mas parece que está tudo certo com a sua indicação, não é?

JADER: Não estou preocupado com isso. Me foi solicitado um nome e eu apresentei, só isso. Se vai ser nomeado ou não, é problema do governo. Eles que façam a avaliação que acharem necessária. Coube a mim fazer uma sugestão. Fora disso, estou cuidando de coisas mais interessantes.

. A que o senhor atribui o peso que tem no governo federal e no governo do Pará?

JADER: Não tenho peso nenhum. Vocês dão asas à imaginação...

Mas o senhor é tido como um dos conselheiros do presidente Lula.

JADER: Conversava mais com o presidente Lula. Agora nem tanto. Conselho eu só dou para meus dois filhos pequenos. Olha, na vida a gente só perde o que tem. No meu caso, o máximo que pode acontecer é ficar empate. Só dou valor ao que realmente é meu. Esse é um problema do governo. Eles que façam as melhores escolhas possíveis.