Título: Nosso objetivo não é multar
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 05/02/2008, O País, p. 3

HÉLIO CARDOSO DERENNE

O diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Hélio Cardoso Derenne, disse que o número de mortes nas rodovias federais cairia se houvesse melhora nas estradas, mais policiamento e se os motoristas tivessem mais consciência.

O senhor diz que o efetivo da Polícia Rodoviária no país é metade do ideal. Quais as conseqüências disso?

Hélio Cardoso Derenne: Não deixamos de fazer nada porque temos menos policiais que o necessário. Só não fizemos tudo do jeito como gostaríamos.

O senhor pode dar um exemplo?

Derenne: Poderíamos fazer uma fiscalização mais rigorosa nas estradas, estar presente em mais lugares e durante mais tempo.

Até que ponto a falta de policiais dificulta a fiscalização nos pontos-de-venda de bebida alcoólica às margens das rodovias federais?

Derenne: Nosso efetivo é suficiente para fazer uma fiscalização por amostragem.

Isso não é pouco?

Derenne: Não. Já multamos 600 estabelecimentos em todo o país. Nosso objetivo não é multar, é impedir que o motorista dirija embriagado.

O governo quer fazer ajustes no Código de Trânsito Brasileiro, aumentando o valor de multas, por exemplo. O senhor aprova?

Derenne: Sim. As mudanças visam a reduzir o número de acidentes, que é um clamor da sociedade.

Qual das mudanças o senhor considera mais importante?

Derenne: Acho importante o fim do chamado "dano potencial". Muitas vezes o infrator fica impune porque temos dificuldade de prová-lo.

No caso de Santa Catarina, o que provoca acidentes no entender do senhor?

Derenne: Santa Catarina tem uma concentração de veículos muito grande. É um Estado lindo, com quase 500 quilômetros de litoral. Muita gente vem para cá. Por isso, há muitos acidentes. Hoje (ontem) vi até carros da Bolívia por aqui.

Da Agência RBS