Título: Nos palanques, pacto de não-agressão
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 06/02/2008, O País, p. 5

Planalto tenta evitar brigas entre aliados nas eleições municipais deste ano.

BRASÍLIA. De olho na sucessão presidencial de 2010, os articuladores políticos do governo querem um pacto de convivência entre os aliados para evitar traumas insuperáveis nas eleições municipais deste ano. Serão defendidos acordos prévios, sempre que possível, inclusive com a possibilidade de aliança no segundo turno. A ordem no Planalto é que os aliados evitem agressões. Há preocupação especial nas grandes capitais.

Agora, passado o carnaval, será realizada uma reunião com aliados no Planalto para criar regras de convivência e analisar casos em disputa. Mas, ao reconhecer que uma aliança entre aliados na maioria das cidades será praticamente impossível, o núcleo político do governo vai tentar diminuir uma potencial crise que possa influir negativamente na disputa presidencial.

- Temos que estabelecer um pacto de convivência nas eleições. Não pode haver brigas que prejudiquem a aliança nacional, até para que seja possível formar alianças no segundo turno. Onde tiver briga, o presidente Lula não subirá em palanque. Ele só vai onde estiver tudo bem - avisou o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro.

Será feito um mapa nacional para avaliar as principais situações: onde as alianças são prováveis; onde já há candidaturas lançadas de forma irreversível; e onde há candidaturas, mas ainda com possibilidade de entendimento.

- Ou os partidos aliados passam a ter civilidade nas eleições, ou a aliança em 2010 ficará difícil. Não pode ter golpe abaixo da cintura. Este ano de 2008 será o grande teste. O PT precisa mostrar generosidade e que está disposto ao entendimento. Não pode desejar tudo. Caso contrário, vai afastar todo mundo - advertiu Henrique Alves.

Cotado para coordenador do grupo de trabalho eleitoral do PT para o pleito de 2008, o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, reconhece a necessidade de um pacto de não-agressão entre aliados. Ele sugere que haja um acordo para que os candidatos da base evitem questões nacionais.

- Vamos tentar estabelecer um pacto de não-agressão. É preciso manter a civilidade e evitar disputas sangrentas. O correto será manter um debate sobre temas locais sem bater no governo federal. É um esforço que vale a pena - ressaltou Pimentel.