Título: Petrobras-Exxon: barreira na Argentina
Autor: Rangel, Juliana
Fonte: O Globo, 07/02/2008, Economia, p. 26

Governo Cristina Kirchner quer que estatal brasileira tenha parceiro local.

BUENOS AIRES. O governo de Cristina Kirchner está dificultando a compra dos ativos da Exxon na Argentina por parte da Petrobras. Segundo uma fonte próxima às negociações, a Casa Rosada exige a participação de um sócio local para dar sinal verde. O assunto certamente será discutido com Cristina pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na visita a Buenos Aires, dia 22.

- Cristina quer a participação de um sócio local, não quer que a Petrobras apareça sozinha comprando. Isso atrapalhou as negociações, que já deveriam ter sido concluídas - disse a fonte, acrescentando que a Petrobras fez uma excelente oferta.

Em outubro, em um encontro em Brasília de Cristina com empresas brasileiras que operam na Argentina, a Petrobras confirmou à então candidata à presidência a intenção de adquirir os ativos da Exxon. Segundo fontes que participaram do encontro, Cristina assegurou que seu governo veria com bons olhos novos investimentos, mas que a compra dos ativos exigiria uma dura negociação.

Desde que desembarcou na Casa Rosada, em 2003, o casal Kirchner defende o fortalecimento do empresariado nacional. Pelas estimativas de economistas privados, nos últimos cinco anos as empresas brasileiras injetaram US$8 bilhões na economia argentina, comprando empresas tradicionais.

Em Buenos Aires, o novo diretor executivo da Petrobras, Décio Oddone, está à frente das conversas. Os obstáculos para fechar a operação na Argentina estariam complicando a negociação em toda a região.

A lista de empresários locais que poderiam se associar à Petrobras inclui Marcelo Mindlin, do grupo Pampa Holding, que prometeu investir US$560 milhões no setor elétrico até 2010; Eduardo Eurnekian, da Aeroportos Argentina 2000; Enrique Eskenazi, que estaria negociando a compra de ativos da Repsol YPF; e Carlos Bulgheroni, da Pan American Energy. Outro potencial sócio seria a estatal argentina Enarsa.