Título: Mexicanos relatam drama
Autor: Craveiro, Rodrigo
Fonte: Correio Braziliense, 28/04/2009, Mundo, p. 20-23

¿Há um ambiente de incerteza por parte da população aqui na Cidade do México. Muitas pessoas não saem muito, obedecendo os pedidos do governo para permanecerem em casa. Como medidas preventivas, as autoridades pediram que cinemas, igrejas, museus e estádios de futebol deixem de funcionar. As escolas estão suspensas até 7 de maio para proteger as crianças e evitar o contágio. A população tem se comportado de modo muito responsável, não há medo generalizado, mas uma incerteza sobre o que pode ocorrer. As pessoas comentam que até o momento o surto parece controlado. Em meu trabalho, todos os empregados receberam máscaras. As pessoas que apresentam qualquer sintoma de gripe são levadas à revisão médica. As reuniões foram suspensas e optou-se por fazê-las pelo telefone. Já é muito difícil adquirir máscaras na cidade. No fim de semana, poucas pessoas saíram de casa. Eu dei uma volta e a capital estava deserta. Tenho confiança de que a epidemia será contida, mas creio que o número de mortos dobrará¿

Ernesto Alonso Contrera Dominguez, 36 anos, engenheiro de sistemas --------------------------------------------------------------------------------

¿As pessoas estão assustadas. As aulas, desde o jardim da infância até a universidade, ficarão suspensas até 6 de maio. Três em cada 10 moradores de minha cidade estão usando máscaras. Bares e restaurantes foram fechados, as autoridades cancelaram as partidas de futebol e a cidade ficou vazia no fim de semana. Poucos saíram de suas casas. Não tenho tomado nenhum tipo de precaução, pois trabalho em um ambiente controlado. Na realidade, essa epidemia não é tão grave como parece. Não se trata de um vírus letal. É uma mutação, um vírus novo. Mas não é algo que te mata em oito horas. O governo realizou uma operação nacional para evitar uma pandemia. Mas continuo correndo ao redor do lago pela manhã, venho trabalhar e dirijo meu carro com normalidade¿

Julio Cesar Campos Quezada, 34 anos, consultor de energia

¿Creio que ainda que se tenha feito um bom esforço por parte das autoridades, ainda há muita gente que não leva a situação com seriedade. Infelizmente, isso pode continuar espalhando o vírus. Só espero que o governo tenha os medicamentos suficientes para fazer frente a esse problema e que isso acabe logo. As farmácias têm aumentado muito os preços das máscaras e há gente que se aproveita da situação, comercializando vacinas que não servem contra o vírus ou medicamentos enriquecidos com vitamina C, como se isso fosse a cura. As pessoas ficam um tanto paranoicas. Tive de mudar minha rotina. Não posso assistir a meus cursos e optei por trabalhar em casa¿

Liliana Maqueda, 35 anos, engenheira de sistemas

--------------------------------------------------------------------------------

¿Na empresa em que trabalho fizemos um site sobre a possível pandemia de gripe aviária. As pessoas por aqui estão falando todo tipo de loucuras. Tenho medo de ir a reuniões e evito usar o transporte público. Não pego mais metrô ou ônibus. Também evito apertos de mãos. Acabo de ter uma reunião de trabalho e três de cinco pessoas que usavam máscaras me cumprimentaram com um aperto de mão. Estamos com medo e muitos de meus colegas não querem trabalhar. Outras empresas preferem não ter funcionários andando de metrô, mas nem todos usamos internet para trabalhar. Todos sentimos que estamos com gripe¿

Marcos Barraza Gómez, 35 anos, empresário e webdesigner