Título: IBGE: indústria brasileira avançou 6% em 2007
Autor: Ribeiro, Fabiana
Fonte: O Globo, 09/02/2008, Economia, p. 23

Com crédito farto, aumento da renda e mais emprego, mercado interno puxou melhor resultado desde 2004

Fabiana Ribeiro

O mercado interno alimentou a indústria brasileira em 2007. No ano, o setor avançou 6%, um salto sobre os resultados de 2006 (2,8%) e 2005 (3,1%), mas ainda abaixo dos 8,3% de 2004, segundo o IBGE. Em dezembro do ano passado, a alta foi de 6,4% sobre igual mês de 2006. Apesar dos avanços, houve retração de 0,6% na produção frente a novembro, na série com ajuste sazonal.

- A indústria encontrou um cenário favorável para expansão em 2007: crédito farto, aumento da ocupação e da renda e ampliação de investimentos. Esses fatores alimentaram o consumo interno, mas as exportações de commodities também ajudaram - disse Silvio Sales, economista do IBGE, lembrando que a expansão da produção em 2004 fora baseada em exportações.

A produção menor nos últimos dois meses do ano, explica Sales, não se trata de inversão de tendência: a atividade fabril sustenta taxas positivas há 17 trimestres consecutivos na comparação com igual período do ano anterior:

- Há uma acomodação após o pico em outubro.

Em 2007, o setor de bens de capital cresceu 19,5%, o que indica futuros investimentos na indústria. Já o de bens de consumo duráveis, 9,2% no ano, graças especialmente a crédito.

Entre as atividades, destacam-se números positivos de setores como veículos automotores (15,2%) e máquinas e equipamentos (17,7%). Mas houve retrações, como nos setores de fumo (-8,1%) e madeira (-3,2%).

CNI: expansão da indústria não traz pressão nos preços

Para especialistas, a indústria deve dar continuidade ao bom desempenho de 2007. Para Giovanna Rocca, economista do Unibanco, o setor deve encerrar 2008 com alta de 5%. Luciana Sá, economista da Firjan, aposta num ano positivo para o setor. E, continua, sem ser uma ameaça à inflação - uma das preocupações dos analistas.

- Algumas projeções mostram que as empresas devem fazer investimentos ainda nesse primeiro trimestre de 2008.

Na opinião de Paulo Mol, economista da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a expansão não trouxe pressão sobre os preços, pois "as empresas aumentam a oferta, com custos menores porque investem em máquinas mais eficientes".

Ainda assim, os analistas não vislumbram uma retomada na redução de juros pelo Banco Central (BC) em 2008.

- Há uma torcida para a redução. Mas o que se espera é estabilidade, com risco até de subida - disse Elson Telles, economista da Concórdia, para quem a ampliação produtiva é um fator de risco para a inflação - Pressiona, sim. E o BC está de olho nisso.