Título: Compras em camelódromo
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 12/02/2008, O País, p. 4

Seguranças de Lurian usaram cartões corporativos em loja de artigos esportivos.

FLORIANÓPOLIS. Dois servidores - um militar e um civil - do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República usaram cartões corporativos para fazer compras num camelódromo da região metropolitana de Florianópolis, na companhia de Lurian Cordeiro Lula da Silva, filha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Uma das compras dos seguranças, registrada pelo Sistema Integrado de Informações sobre Operações Interestaduais com Mercadorias e Serviços (Sintegra), foi no "Camelão", como é chamado o centro comercial de artigos importados, em 30 de junho de 2005. O segurança Jadir José Duarte, que trabalha na proteção de Lurian em Florianópolis, pagou R$200 com seu cartão corporativo na Loja Lamar, de artigos esportivos.

O vendedor dos boxes 145/146 Evandson Machado, de 23 anos, disse ontem que Lurian costuma freqüentar o Camelão, acompanhada por "quatro a cinco seguranças". O local, no bairro Campinas, fica a três quilômetros do condomínio onde Lurian mora com o marido, Marcelo Sato, assessor da deputada estadual Ana Paula Lima (PT), e com os dois filhos. O vendedor disse que, pelo valor, a compra foi de mais de uma peça, possivelmente um jogo de camisas para futebol de salão.

Outra compra, de R$40, ocorreu em 28 de setembro de 2007, e foi feita por João Roberto Fernandes Junior, funcionário da Casa Civil que seria responsável pela logística e administração da equipe de seguranças de Lurian. Segundo o lojista Jerônimo Cabral, foram compradas cinco ou seis capas de couro para telefones celulares dos seguranças. Lurian, segundo o vendedor, acompanhava os seguranças. O procedimento de cobrança com cartão das várias lojas, exclusivamente no box 125, dificulta a identificação da origem da compra. Mas os vendedores da rede informaram que a compra com o cartão corporativo foi no box 110, na Vítor Presentes.

Lurian disse ontem, por telefone, que não dará declarações e deu o telefone de seu advogado, que está "tratando juridicamente do assunto, como calúnia e difamação":

- Sou jornalista como você, e jornalista não é notícia. Quando ganhar algum prêmio, posso dar entrevista.

O advogado de Lurian, Ronei Danielli, disse que está pronta uma ação de indenização por danos morais contra todos os órgãos de comunicação que atribuíram a Lurian o uso de cartão corporativo do governo federal:

- Ela não é funcionária pública, não possui cartão corporativo. As notícias sobre essas despesas são inverídicas.