Título: Um nó desfeito no controle da Oi
Autor: Tavares, Mônica
Fonte: O Globo, 12/02/2008, Economia, p. 21

Para analistas, negócio vai facilitar compra da Brasil Telecom.

A Oi deve oficializar a proposta de compra da Brasil Telecom (BrT) na quinta-feira, dizem fontes envolvidas nas negociações. Ontem, o negócio ganhou fôlego extra ao se desfazer um nó relativo a uma empresa que está no controle da BrT e, ao mesmo tempo, tem participação indireta na Oi. A Zain, uma das acionistas da BrT e comandada por fundos de pensão, saiu do controle da Argolis. A operação, para analistas, era necessária, pois a Argolis é dona da Lexpart, que detém 10,28% da holding que controla a Oi, a Telemar Participações. Agora, a Zain ficará apenas com a participação na BrT.

Na opinião do mercado, a cisão da Zain é importante, pois simplifica a estrutura acionária da Oi. Separa as participações de cada acionista e evita que a Oi compre uma fatia de uma de suas próprias controladoras quando fizer a oferta pela BrT. A Zain vai transferir R$31 milhões aos acionistas da Argolis (Opportunity e Citigroup). Daniel Dantas, dono do Opportunity, foi contra a operação, pois, segundo analistas, achou o preço muito baixo.

- Mesmo com o Opportunity tendo sido contra, isso não vai afetar em nada as negociações. A cisão vai facilitar o negócio, com uma estrutura um pouco mais limpa na Oi - diz Eduardo Roche, do Modal Asset.

Segundo fonte do BNDES, o empréstimo de R$2,5 bilhões do banco à operação da supertele já está acertado. A La Fonte, de Carlos Jereissati, deve pegar R$1 bilhão e a Andrade Gutierrez, R$1,5 bilhão - ambos são controladores da Oi. O banco, além de receber pagamento em juro fixo pelo empréstimo, terá um retorno relacionado à variação das ações. O BNDES também venderá parte de suas ações aos fundos de pensão Previ e Funcef, que passarão a ter 10% da supertele, contra uma fatia de 16% do banco.

Em relatório, o banco de investimentos JP Morgan rebaixou de "compra" para "neutra" a recomendação para as ações da Oi. O JP cita a forte alta dos papéis em janeiro, acima de 20%, e a possível postergação de uma reestruturação acionária, depois que ela afirmou que estuda a aquisição do controle acionário, mas descarta a possibilidade de fusão com a BrT.

COLABOROU Juliana Rangel