Título: Lula: despesa com segurança é secreta
Autor: Vasconcelos, Adriana; Lima, Maria
Fonte: O Globo, 13/02/2008, O País, p. 3

Presidente diz que sigilo de alguns gastos pode evitar atentados, como em Timor Leste.

MACAPÁ. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que todas as despesas referentes à segurança pessoal do presidente e de sua família devem ser mantidas sob sigilo para evitar atentados, como o que ocorreu no Timor Leste contra o presidente José Ramos-Horta e o primeiro-ministro Xanana Gusmão. Para Lula, todo gasto que não se referir à segurança pessoal do presidente e da família do presidente deve ser tornado público. No entanto, ele não detalhou que gastos seriam esses.

Lula considerou a despesa com segurança "segredo de Estado e que ninguém precisa saber". O presidente defendeu o uso do cartão de pagamentos do governo federal - o chamado cartão corporativo.

- O cartão é a forma mais séria e mais transparente de cuidar dos gastos públicos. Não tem outra mais séria - afirmou o presidente, ao chegar da Guiana Francesa, onde se encontrou ontem com o presidente da França, Nicolas Sarkozy.

Em seguida, citou os atentados em Timor Leste para reforçar seus argumentos:

- Para mim só tem um gasto que não deve ser explicitado que é o gasto com segurança. Segurança é uma coisa muito delicada. E uma boa segurança, os adversários não sabem que ela existe. Na hora em que souberem, deixa de ser segurança.

Lula disse ainda que a Presidência da República é uma instituição que "as pessoas precisam respeitar e não banalizá-la":

- A Presidência é importante com o presidente Lula ou sem o presidente Lula. Qualquer um que passou por lá e quem vier tem que ter na instituição Presidência toda segurança possível e necessária.

Lula ainda argumentou que, com um "pouco de cuidado", Horta não teria sido atingido enquanto fazia ginástica pela manhã:

- Você não pode dizer onde é a casa do segurança do presidente da República, você não pode dizer onde ele vai alugar um carro, porque se não fica muito fácil quem quiser fazer uma desgraça fazer a desgraça por antecipação. Quando se trata de segurança é uma questão de Estado e aí tem que ser efetivamente sigiloso.

Para Lula, a CPI do Cartão Corporativo não vai atrapalhar as votações de projetos de interesse do Palácio do Planalto, nem mesmo da reforma tributária, que ainda não foi encaminhada pelo governo. Segundo Lula, os desvios no uso do cartão devem servir para corrigir as falhas do sistema.

- O que precisamos é, a partir das deficiências, fazer as correções necessárias e continuar colocando na internet para que a sociedade brasileira colete informações, porque todo mundo tem que mostrar concretamente aquilo que é gasto em todo o serviço público - disse Lula: - A CPI não vai atrapalhar nada.