Título: Lucro do Itaú quase dobra e bate recorde
Autor: Frisch, Felipe
Fonte: O Globo, 13/02/2008, Economia, p. 23

Com crédito maior, banco ganhou R$8,4 bi no ano passado e superou os R$8,01 bi do Bradesco.

SÃO PAULO. A expansão das operações de crédito e a venda de participação em empresas como a Redecard e a Bovespa fizeram o Itaú quase dobrar seu lucro em 2007. O segundo maior banco privado do país ganhou R$8,474 bilhões no ano passado, o que representou um aumento de 96,7%. O resultado, novo recorde histórico para o setor no país, bateu com folga o lucro anual anunciado em janeiro pelo Bradesco, de R$8,01 bilhões.

- De forma geral, todos os negócios do banco estão em forte expansão. Continuamos muito otimistas com o Brasil - disse o presidente do Itaú, Roberto Setúbal.

Pelo balanço publicado ontem, o chamado lucro recorrente - que exclui os itens extraordinários e está ligado diretamente ao desempenho operacional - alcançou R$7,1 bilhões em 2007. Este valor se compara a R$6,1 bilhões em 2006. A rentabilidade do banco, um indicador de solidez financeira, saltou de 22,7% para 32,1% no ano.

Resultado faz ações do banco subirem 6,13% na Bovespa

Para Setúbal, não há risco de a crise americana no setor de hipotecas de alto risco contaminar o mercado de crédito imobiliário no Brasil, que ainda tem participação reduzida no total.

- A principal ameaça não vem da crise externa, mas da pressão inflacionária, que faça o BC subir os juros. É uma possibilidade, mas a gente não espera isso - disse ele.

O resultado fez as ações do Itaú terem forte alta na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa): 6,13%, para R$39,61.

Assim como aconteceu no caso do Bradesco, o lucro do Itaú foi empurrado pelo crescimento da receita com empréstimos. A carteira total passou de R$93,6 bilhões para R$127,5 bilhões, um aumento de 36,2% - acima da média de 27% de outras instituições que já divulgaram seu balanço. O segmento de pessoas físicas, que embute os maiores spreads (diferença entre o custo da captação do dinheiro e o que o cliente paga pelo empréstimo), apresentou a maior variação no período: 34,8%, com destaque para a carteira de financiamento de veículos (alta de 64,4%).

A expansão do crédito foi acompanhada pela redução da inadimplência. Depois da explosão no volume de atrasos entre 2005 e 2006, o banco decidiu apertar as regras para concessão de novos financiamentos. Considerando os créditos vencidos há mais de 60 dias, a inadimplência caiu de 5,3% da carteira, em dezembro de 2006, para 4,4% ao fim de 2007.

Setúbal não acredita que o aumento do IOF tenha impacto negativo no mercado. Tanto que o banco projeta crescimento entre 25% e 30% para a carteira de crédito neste ano, sem considerar o segmento de grandes empresas. Essa expansão continuará a ser puxada pelo financiamento de carros, mas o Itaú também aumentou suas apostas no segmento de crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) e imobiliário. O banco prevê alta superior a 50% para as duas categorias, que movimentaram cada uma R$2,6 bilhões no ano passado.