Título: Uma nova puxada nos juros
Autor: Frisch, Felipe
Fonte: O Globo, 13/02/2008, Economia, p. 23

Taxas do cheque especial já subiram mais de 5,69% neste ano, após queda em 2007.

Os juros do cheque especial e do crédito pessoal para pessoas físicas - que caíram no ano passado, após as reduções dos juros básicos pelo Banco Central (BC) - vêm subindo neste início de 2008, nas principais instituições financeiras do país. Em algumas, as taxas chegaram a subir em torno de 0,50 ponto percentual somente em janeiro, caso de Bradesco, HSBC e Santander, e até 2,6 pontos, no caso do Citibank. Em média, os principais bancos do país elevaram seus juros em 0,46 ponto no cheque especial, o que equivale a 5,69% a mais de juros pagos no fim do ano.

O levantamento foi feito pelo site Empréstimos Bancários, com base em dados divulgados diariamente pelas instituições ao Banco Central. A economista Carolina Barbosa Corrêa, responsável pelo site e pelo estudo, explica que os juros utilizados são os médios, ponderados de acordo com o volume emprestado e a cada taxa.

Segundo José Arthur Assunção, vice-presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), a elevação dos juros se deve à crise internacional nos mercados financeiros e ao aumento da inadimplência. Ele lembra que as taxas de empréstimos entre os próprios bancos já têm aumentado. Já a inadimplência subiu de 9,1% em novembro para 10,6% em dezembro, mesmo nível do início de 2007. No crédito pessoal, caiu de 5,8% em janeiro para 5,3% em dezembro, segundo dados do BC.

BC teme aceleração da inflação

Desde setembro de 2007, a taxa básica da economia está estável em 11,25% anuais. As reduções começaram em setembro de 2005, quando a Selic passou de 19,75% para 19,50% ao ano. Na ata da última reunião, em janeiro, o Comitê de Política Monetária do BC deu sinais de que poderia até aumentar os juros devido ao risco de aceleração da inflação. O temor da autoridade monetária é que o forte aquecimento da economia e o uso elevado da capacidade instalada possam desequilibrar oferta e demanda.

Todas as instituições do estudo foram procuradas pelo GLOBO, mas apenas o Banco do Brasil respondeu. O gerente executivo de varejo do banco, Gueitiro Matsuo Genso, diz que a instituição não mudou as faixas de juros, mas que mais clientes contrataram crédito a taxas mais altas, pelo seu relacionamento com o banco.

O arquiteto Thoni Litsz só conseguiu resolver uma dívida no cheque especial com um acordo na Justiça.

- Não entro nunca mais no cheque especial. Tenho muito medo - diz.