Título: Tarso Genro nega ação política da PF
Autor: Brito, Ricardo
Fonte: Correio Braziliense, 29/04/2009, Política, p. 05

Castelo de areia

O ministro da Justiça, Tarso Genro, e o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, negaram ontem que a Operação Castelo de Areia, ação deflagrada no fim de março para investigar fraudes supostamente cometidas pela empreiteira Camargo Corrêa, tenha tido motivação política. Os dois estiveram ontem na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado (CCJ) para explicar, numa esvaziada sessão, se foi a PF quem vazou nomes de políticos de oposição que teriam recebido doações irregulares da empreiteira.

"Esse vazamento não foi feito pela Polícia Federal", declarou Tarso, ressaltando que o vazamento das informações ocorreu somente após a ação da PF. Segundo o ministro da Justiça, apenas uma parcela pequena do inquérito é dedicada às suspeitas de crimes eleitorais. "Se alguém quisesse usar um viés político na investigação, teria divulgado o nome dos políticos durante o período eleitoral", afirmou o chefe da PF.

As suspeitas de favorecimento ocorreram depois que se excluiu, no relatório da operação feito pela PF, referências ao PT e incluiu, entre outras legendas, o PSDB e o DEM. Os diretórios estaduais do Democratas no Rio Grande do Norte e do PSDB no Pará, presididos respectivamente pelos senadores Agripino Maia e Flexa Ribeiro, foram citados no relatório como suspeitos de terem recebido doações ilegais ¿ fato negado, com documentos, pelos dois parlamentares.

Foco O senador Agripino Maia disse que deseja saber quem vazou seu nome para a imprensa. Ele quer buscar reparação pelas suspeitas lançadas. Recebeu, primeiro, palavras de solidariedade das autoridades convidadas a dar explicações. ¿É uma revolta justificada¿, ponderou Tarso a Agripino, líder do DEM no Senado. ¿A sua indignação também é a nossa. Nós não queremos que a Polícia Federal esteja exposta a debates por um ato que, eu afirmo ao senhor, não foi dela¿, completou Corrêa.

E, depois, vieram as explicações. Segundo o diretor-geral da PF, o inquérito corre sob segredo de justiça. Mas, segundo ele, o juiz Fausto de Sanctis, quando permitiu a ação da polícia, citou todos os partidos e liberou o acesso aos autos para todos os advogados. Sem apontar os vazadores, Corrêa ressaltou que as informações sobre os partidos começaram a aparecer desde então. O diretor da PF disse ainda que o foco da investigação continua o mesmo: os supostos crimes financeiros e as licitações da empreiteira. ¿Se a mídia mudou o foco, para nós, não (mudou)¿, garantiu ele.