Título: FH volta a defender investigação
Autor: Lima, Maria; Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 15/02/2008, O País, p. 3

Ex-presidente diz nada temer com apurações da CPI do Cartão.

BRASÍLIA. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso reiterou ontem, em nova mensagem enviada à direção do PSDB, que não teme qualquer investigação sobre as despesas efetuadas pela Presidência da República durante sua gestão no Palácio do Planalto. No e-mail endereçado ao presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), Fernando Henrique pediu que ele tranqüilizasse "setores do PSDB que estariam preocupados com os desdobramentos da CPI", assegurando que a investigação no Legislativo não encontrará nada que possa comprometê-lo ou sua família.

"Nem eu nem minha família jamais usamos recursos públicos para sufragar nossas despesas pessoais", disse o ex-presidente, adiantando que não determinava a execução de despesas nos palácios presidenciais: "Quanto aos gastos normais da máquina pública, inclusive no que diz respeito aos incorridos na manutenção dos palácios, nunca foram objeto de determinações específicas nossas. Se, eventualmente, não seguiram as regras e trâmites normais, é bom que isso seja identificado e esclarecido, para que os erros não se repitam".

Fernando Henrique ainda defendeu a liberação para o Congresso Nacional das informações consideradas de segurança nacional. "As poucas despesas cuja publicidade podem afetar realmente a segurança das pessoas são submetidas aos órgãos de controle contábil do governo, e, sob condição, não há razão para que o Congresso deixe de tomar conhecimento delas".

Para Fernando Henrique, todas as demais despesas podem ser investigadas "sem maiores inconvenientes ou restrições, desde que não haja má-fé, predisposição para desmoralizar e nem divulgação de boatos sem fundamento". Ele diz que o PSDB deve colaborar, para que a CPI do Cartão Corporativo, "além de desvendar equívocos eventualmente ocorridos e falhas nos processos de controle, ajude a coibir abusos e a determinar o que é e o que não é legítimo no uso de recursos governamentais, a fim de evitar a confusão, infelizmente tão freqüente entre nós, entre o público e o privado". (Adriana Vasconcelos)