Título: Gás: Morales anuncia nova reunião
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Fonte: O Globo, 25/02/2008, Economia, p. 22

Encontro com Lula e Cristina Kirchner ocorreria no fim de março em La Paz

LA PAZ. O presidente da Bolívia, Evo Morales, anunciou ontem a possibilidade de se reunir outra vez com os colegas Luiz Inácio Lula da Silva e Cristina Kirchner (da Argentina), a fim de avaliar o andamento das soluções para os problemas referentes à divisão do gás boliviano. Ao sair do Palácio do Governo, Morales afirmou que o novo encontro presidencial, similar ao realizado no sábado em Buenos Aires, pode ocorrer no fim de março, em La Paz.

A agenda do presidente Lula prevê, para os dias 28 e 29 de março, uma viagem para Cartagena, na Colômbia, onde ocorrerá um encontro entre presidentes da América do Sul.

A próxima reunião sobre o gás, segundo Morales, avaliaria detalhadamente o avanço do trabalho dos ministros de Minas e Energia dos três países, que, no último sábado, formaram uma "coordenação energética" para buscar soluções ao problema. Está previsto ainda que os ministros também se reúnam na capital boliviana nos próximos dez dias.

No encontro ocorrido sábado, em Buenos Aires, os presidentes não chegaram a um acordo sobre os volumes do gás boliviano exportado ao Brasil e à Argentina. O mercado argentino demanda atualmente mais gás natural do que recebe. O fato é agravado pela proximidade do inverno, quando aumenta o consumo local. O Brasil, por sua vez, decidiu que não cederá parte de sua cota de importação para os argentinos, tendo em vista que a produção da Bolívia é insuficiente para atender aos dois mercados.

Segundo Morales, os três países concordaram em trabalhar de "maneira solidária" a fim de encontrar una solução para o problema, e em fazer contribuições, se ficar configurado "um problema muito sério na Argentina".

A produção do gás boliviano está em cerca de 40 milhões de metros cúbicos diários, insuficientes ante uma demanda de 46 milhões nos mercados interno e externo. Até o fim do ano, a previsão é que a produção alcance 42 milhões milhões de metros cúbicos.

De acordo com ex-ministros e analistas, a Bolívia não está em condições de aumentar efetivamente a produção do gás natural para cobrir a demanda argentina antes de 2011, ainda que ao longo deste ano sejam feitos os investimentos necessários no setor.