Título: Fiscais de Mato Grosso pedem transferência
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 24/02/2008, O País, p. 3

MARCELÂNDIA (MT). O trabalho de fiscais do Ibama no Norte de Mato Grosso, principal região de desmatamento no estado, enfrenta problemas. Um dos fiscais, que prefere não se identificar, contou que é comum servidores do órgão pedirem transferência para outra região por receio de madeireiros. Apesar de terem direito a portar armas, os fiscais dessas localidades não receberam as pistolas a que cada um tem direito.

Os fiscais que atuam no estado admitem, no entanto, que Mato Grosso é mais tranqüilo do que o Pará, onde a população se revoltou na última semana com a ação dos fiscais.

- Aqui é mais sossegado, mas não podemos relaxar.

Os fiscais acreditam que, depois que ocorreu a Operação Curupira, que prendeu quase uma centena de pessoas na maior rede de corrupção ambiental na Amazônia, em 2005, o clima acalmou. Na ação, foram detidos até servidores do Ibama. A quadrilha falsificava autenticação de madeira ilegal.

Para tentar segurar fiscais na região e atrair outros concursados, a categoria reivindica o auxílio-interiorização, para fixar o servidor no local. Esse auxílio significa um reajuste de 16% nos vencimentos do fiscal.

A Operação Arco de Fogo, que começa esta semana na Amazônia, terá a missão de retirar das madeireiras e serrarias o estoque de toras apreendidas por fiscais do Ibama e que continuam em poder dos madeireiros. Sem condições para transportar o material apreendido, os fiscais deixam a madeira no local da apreensão e os proprietários são transformados em fiéis depositários, sem garantia de que o objeto da apreensão permaneça guardado.

Nos últimos dois meses, fiscais do Ibama lançaram a Operação Rastro Verde, que fez uma série de batidas em madeireiras e apreendeu caminhões que transportavam cargas ilegais. Esse material ficou na cidade e só agora deverá ser recolhido.