Título: CPI: oposição vai testar a atuação do governo
Autor: Galhardo, Ricardo; Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 16/02/2008, O País, p. 11
GASTOS SEM CONTROLE: Sérgio Guerra afirma que, sem acordo, tudo é possível, inclusive outra CPI só no Senado.
PSDB ameaça boicotar sessões se não houver isenção; PT diz que tucanos também comandavam CPIs quando eram governo.
SÃO PAULO e BRASÍLIA. Embora ainda mantenham a esperança de um acordo com o governo em torno da composição da CPI do Cartão Corporativo, líderes tucanos já esboçam uma estratégia de ação, caso permaneçam alijados do comando da comissão. O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (PSDB-AM), citou o comportamento do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) e do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), presidente e relator da CPI dos Correios, para exemplificar casos de governistas que agiram com isenção ao investigar o governo:
- Eles abraçaram a sociedade e não o governo.
Segundo Virgílio, se o governo insistir em manter presidência e relatoria da CPI, a oposição apresentará requerimentos problemáticos ao governo, para testar o presidente, senador Neuto de Conto (PMDB-SC), e o relator, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ).
- Vamos cumprir toda a ritualística e apresentar logo de cara os requerimentos mais indigestos, como o dos cartões da Presidência e dos ministros - disse Virgílio.
Caso o comportamento de Couto e Sérgio não agrade, a oposição ameaça com outras ações, como o boicote à CPI, obstrução às votações no Congresso e criação de uma outra CPI, só no Senado.
O presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PSDB-PE), confirmou que a possibilidade de abrir uma CPI no Senado está arquivada, por enquanto:
- Se o governo não tiver juízo, tudo é possível, inclusive uma CPI só no Senado.
Ao reagir ontem à pressão da oposição por uma das vagas de comando da CPI, o líder do PT na Câmara, Maurício Rands (PE), apresentou dados sobre as CPIs instaladas durante os oito anos do governo Fernando Henrique. Segundo o levantamento, mesmo quando o requerimento de CPIs polêmicas - como a que investigou denúncias de irregularidades no Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) - era apresentado pela oposição, a relatoria e a presidência das comissões eram exercidas por parlamentares governistas.
- Não havia rodízio de relatoria e presidência nas CPIs do governo FH. Isso é samba de uma nota só. Em toda CPI que se faz aqui a oposição tenta quebrar a regra do jogo, que é a composição pelo tamanho das bancadas - criticou Rands.