Título: Uma prática comum na empresa
Autor: Carvalho, Jailton de; Aggege, Soraya
Fonte: O Globo, 16/02/2008, Economia, p. 33

Contêineres se transformam em escritórios flutuantes em alto-mar.

MACAÉ. O transporte de dados sigilosos em computadores acondicionados em contêineres é uma prática recorrente da Petrobras e das empresas que lhe prestam serviços, segundo funcionários da estatal e da Halliburton. São os chamados contêineres-cabine, verdadeiros escritórios flutuantes transportados para as plataformas sempre que uma atividade precisa ser realizada em alto-mar, como perfuração de poços e testes em reservatórios. Esses contêineres costumam ser conduzidos da base da Petrobras ou de prestadoras de serviço para as plataformas por via marítima. Se a base das empresas for distante da plataforma, recorre-se à via terrestre.

Além de computadores com dados sobre pressão de reservatórios, vazão de poços e características geológicas de bacias, nos contêineres-cabine são armazenados os demais instrumentos necessários para as atividades em alto-mar, como válvulas e tubos. Os funcionários que vão operar os computadores e os demais instrumentos geralmente chegam às plataformas de helicóptero.

Uma vez concluída a atividade, que pode durar dias ou semanas, os contêineres voltam à base das empresas. Isso é necessário, segundo o consultor e ex-funcionário da Petrobras Giuseppe Bacoccoli, porque não há espaço nas plataformas para abrigar todas as ferramentas utilizadas na exploração dos campos.

Ontem, a repórter do GLOBO esteve na base da empresa americana em Macaé, que ocupa quase um quarteirão inteiro. Funcionários que preferiram não se identificar afirmaram que nada se comenta sobre o episódio dentro da empresa, nem entre colegas. Já no bar em frente à Petrobras em Macaé, na hora do almoço, funcionários discutiam se os autores do furto tinham conhecimento do conteúdo dos computadores. Muitos acreditam que a empresa foi vítima de um crime comum.