Título: CPI: governo monta tropa à prova de holofotes
Autor: Lima, Maria; Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 17/02/2008, O País, p. 8

GASTOS SEM CONTROLE: No PMDB, estão cotados Almeida Lima, Wellington Salgado, Valter Pereira e Gilvam Borges.

Deputados escolhidos pelo PT para a comissão têm pouca expressão nacional e ficarão fora das próximas eleições.

BRASÍLIA. Com o controle da presidência e da relatoria e tendo a maioria esmagadora dos 24 membros da CPI mista criada para investigar abusos no uso do cartão corporativo, o governo está montando uma tropa de choque à prova de barulho, vaidade e arroubos de independência. O colegiado de confiança, composto, até agora, por novatos e parlamentares desconhecidos, já dá mostras de que não terá problemas em enfrentar o desgaste da opinião pública para blindar a cúpula governista, principalmente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus parentes.

Nenhum dos indicados pelo PT, por exemplo, é candidato a prefeito nas eleições de outubro.

Nem o presidente indicado pelo PMDB, senador Neuto de Conto (SC), nem o relator, o petista Luiz Sérgio (RJ), ou os outros três membros escolhidos pelo PT têm experiência nas investigações de CPIs. Com exceção de Luiz Sérgio, que teve uma passagem muito discreta pela liderança do PT na Câmara ano passado, todos são desconhecidos do cenário nacional. Somente o PT da Câmara indicou até agora seus representantes: Luiz Sérgio e Paulo Ferreira (SP), como titulares, e Cláudio Vignati (SC) e Nilson Mourão (AC), como suplentes.

Casagrande e Suplicy devem ficar longe da investigação

Parlamentares da base que brilharam em outras CPIs e processos investigativos, dando dor de cabeça ao governo, como os senadores Renato Casagrande (PSB-ES) e Eduardo Suplicy (PT-SP), deverão ficar longe da CPI do Cartão Corporativo.

- Acho que não vão me indicar. Também não pedi. Vão querer fazer um colegiado de total confiança. Se me indicarem, vou fazer meu trabalho direito - diz Casagrande.

Do bloco do governo no Senado, vários nomes já estão sendo cogitados, e outros já se colocaram à disposição pelo destemor de defender o governo, custe o que custar. Os cotados são os de sempre. No PMDB, o líder Valdir Raupp (RO) hesita entre Almeida Lima (SE), Wellington Salgado (MG), Valter Pereira (MS) e Gilvam Borges (AP), para escolher dois senadores.

No PT, um dos nomes do Senado pode ser o de Sibá Machado (AC), o suplente da ministra Marina Silva (Meio Ambiente), que teve uma passagem desastrada pela presidência do Conselho de Ética no início do processo de Renan Calheiros.

- Eu descobri em que eu sou bom. Sou bom mesmo é de CPI - vangloria-se o acreano.