Título: O maior motivo para as empresas atenderem à demanda é o lucro
Autor: Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 24/02/2008, Economia, p. 32

BRASÍLIA. A gerente do PAC e ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, reconhece que o aquecimento do setor da construção civil reduziu a oferta de máquinas e esbarra na falta de mão-de-obra, males que começam a se abater sobre o programa. Mas recomenda que ninguém aposte que isso se tornará um gargalo permanente, sob pena de perder dinheiro:

- Quem acha isso está perdido no capitalismo! (risos) O maior motivo para as empresas atenderem à demanda é o lucro.

A falta de maquinário e pessoal preocupa o governo?

DILMA ROUSSEFF: Temos consciência de que o problema é real. O setor que mais deve crescer neste ano é o de construção civil pesada e o de habitações. É um problema que, na verdade, é solução para o Brasil.

Vai faltar equipamento?

DILMA: De jeito nenhum. Essa é a capacidade extraordinária de uma economia de mercado de um país desenvolvido como o nosso. O empresário se adapta a uma velocidade intensa. Se a demanda cresce 30%, acha que ele não vai atender?

Mas não há riscos?

DILMA: Pontualmente você pode ter um problema de falta de equipamento, mas eu acho que isso é solucionável. Temos uma situação estável, os investimentos estão crescendo mais do que a produção industrial.

O país tem condição de fazer esse esforço?

DILMA: Será um esforço similar ao que fizemos em 2003 e 2004, quando o presidente Lula determinou que as plataformas de petróleo fossem feitas no Brasil. Nós solucionamos os gargalos. Mas só resolveremos os problemas com a participação da iniciativa privada.

Dá para contar com os investimentos privados?

DILMA: Quando a iniciativa privada e o governo derem as mãos, fizerem parcerias, meu filho, ninguém vai segurar este país.

E como atacar a falta de mão-de-obra?

DILMA: O problema da qualificação de pessoal é mais imediato. O início das obras do PAC gerou uma ampliação de 14,92% no pessoal contratado para o setor. Acredito que isso vai ser intensificado neste ano, que este será o ano do emprego no país, puxado pelo PAC. (Henrique Gomes Batista)