Título: Falta de 50 mil engenheiros no país afeta avanço de obras estruturais
Autor: Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 24/02/2008, Economia, p. 32
Governo vai lançar programa para qualificar mão-de-obra, afirma Dilma
BRASÍLIA. O outro gargalo que ameaça o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é tão grave quanto o déficit de máquinas e equipamentos e ainda mais difícil de superar: a falta de mão-de-obra qualificada. Segundo estimativas do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Administração (Confea), por exemplo, o país carece de 40 mil a 50 mil engenheiros. Somente no Rio, faltam três mil profissionais especializados na área de petróleo e gás. Na construção civil, faltam até pedreiros. Para combater essa deficiência, o governo pretende lançar um novo programa de qualificação profissional, adiantou ao GLOBO a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) mapeou a situação. O Rio é um dos estados em que menos faltam profissionais: "apenas" carpinteiro, engenheiro, mestre-de-obras e pedreiro. Em São Paulo, faltam nove profissionais de uma lista de 30 categorias - incluindo encanador e técnico em edificação. Já Minas tem déficit em um terço das profissões: de operador de retroescavadeira a técnico em estradas.
Aumentam autorizações de trabalho para estrangeiros
Essa deficiência fez crescer o número de engenheiros estrangeiros que pedem autorização para trabalhar no país. Em 2006, 34 tiveram registros analisados pelo Confea. Em 2007, foram 47. Este ano, deverão ser mais de cem, projeta Marco Túlio de Melo, presidente do Confea:
- A maior demanda é de profissionais da Espanha e de Portugal, que se beneficiam pela proximidade da língua e pelo fato desses países estarem vivendo desaceleração das obras.
Nesse quadro, impera a lei da oferta e da procura. Há três anos, um recém-formado ganhava de R$1 mil a R$1.500 - hoje, são R$4 mil. Já um coordenador de projeto, que antes recebia de R$8 mil a R$10 mil, agora recebe de R$15 mil a R$25 mil.
- Há um debate na UFRJ para ampliar o número de vagas e mudar a formação. O aluno entraria no curso de engenharia básica, e só depois de dois anos optaria por um ramo - afirma Luiz Pinguelli Rosa, coordenador da Coppe/UFRJ.
Segundo Dilma, a ação governamental dará prioridade aos atendidos pelo Bolsa Família:
- Estamos elaborando o programa junto com a CBIC e a Abramat (materiais). Não precisaremos mais do pedreiro que conhecemos, mas de um para tubos e conexões, um elétrico, outro de acabamento. Todas as pessoas qualificadas serão contratadas (pelo acordo com as entidades).