Título: Oriente médio na mira de produtores
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 18/02/2008, Economia, p. 17

BRASÍLIA. A Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec) quer superar a marca dos US$422 milhões do produto in natura (fresca congelada) vendida no ano passado para o Oriente Médio. O presidente da Abiec, Marcus Vinicius Pratini de Moraes, viaja na próxima quinta-feira para a região para tentar ampliar os negócios do setor no momento em que as exportações brasileiras de carnes para a União Européia estão embargadas e devem cair significativamente depois de liberadas. Depois do Oriente Médio, ele pretende se concentrar no mercado chinês, em junho, aproveitando os eventos em torno das Olimpíadas de Pequim. Marrocos e Indonésia, que já demonstraram grande potencial, também serão explorados.

Embora o consumo interno esteja crescendo - o país consome 74% da carne que produz - isso não será suficiente para repor as perdas com a redução das exportação para os europeus, principalmente de carnes nobres.

- Os mercados de países desenvolvidos estão cada vez mais difíceis porque eles têm barreiras tarifárias e não-tarifárias - disse Pratini de Moraes.

Somente para os Emirados Árabes, um dos países que o ex-ministro da Agricultura visitará, foram exportadas no ano passado US$34 milhões em carne in natura, o equivalente a 17 mil toneladas. Ele prefere não fazer projeções de quanto o comércio com os países que vai visitar poderá aumentar, mas está otimista:

- Nunca imaginei que fôssemos vender este volume quando começamos a exportar carne para o Oriente Médio - afirmou, lembrando que isso foi em 2002, quando foram vendidos apenas US$6 milhões.

O prejuízo do boicote da União Européia, segundo estimativas do presidente da associação, poderá chegar a R$90 milhões por mês, o que poderia resultar na demissão de cinco a seis mil trabalhadores nos frigoríficos. No total, entre empregos diretos e indiretos, 18 mil pessoas poderiam ser atingidas pela crise.