Título: Governo tentará agenda positiva
Autor: Vizeu, Rodrigo
Fonte: O Globo, 19/02/2008, O País, p. 4

Estratégia do Planalto é propor reforma tributária e tirar CPI do Cartão do foco.

BRASÍLIA. A possibilidade de ficar refém da CPI do Cartão Corporativo levou o Planalto e seus aliados a estabelecerem uma linha de atuação mais ofensiva, na tentativa de impor uma agenda positiva e evitar que o governo seja pautado pela oposição. O envio da proposta de reforma tributária ao Congresso nos próximos dias é a principal arma do governo para tentar mudar a agenda legislativa. De outro lado, sua base brigará pelo controle do comando da CPI.

A reivindicação da oposição no Senado de ter a presidência ou a relatoria ficou enfraquecida a partir da decisão, ontem, dos deputados do DEM e do PSDB de indicar seus representantes na CPI, ainda que o governo mantenha o comando.

O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), informou que o partido vai indicar nomes para a CPI mista, e que só adotará uma linha de obstrução ou protesto caso as investigações não avancem. Senadores do DEM falam em uma CPI só no Senado, mas Maia diz que essa seria a última alternativa.

- O DEM vai apresentar seus integrantes e, se o governo fizer uma obstrução completa (às investigações), iremos para o protesto. Mas abrir mão de uma CPI por outra, ficaria uma situação incompreensível para a sociedade - disse Rodrigo Maia.

Projeto será apresentado a Conselho Político

A estratégia governista seria analisada ontem à noite em reunião dos líderes com o presidente Lula e o ministro José Múcio (Relações Institucionais). Mas Lula adiou a reunião para amanhã. Na quinta-feira haverá reunião do Conselho Político para apresentar aos partidos aliados o projeto de reforma tributária.

- Vamos estabelecer uma pauta positiva. Esse (a reforma) é um tema que interessa ao Estado, foge da briga entre governo e oposição. Há assuntos mais importantes do que a CPI - disse o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS).

O líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), também considera que uma CPI só no Senado é um segundo passo.

- Se o presidente não tem nada a temer, por que não partilhar os dois principais cargos? Cabe a eles aceitar isso ou não. O importante é que saia a CPI e dê uma satisfação ao povo. Agora, eles têm que se livrar da síndrome de Fernando Henrique. É algo que atormenta o PT.