Título: O governo não pode ser intimidado
Autor: Brasiliense, Ronaldo
Fonte: O Globo, 21/02/2008, O País, p. 3
Marina diz que operações vão continuar, mas evitando confrontos com a população
BRASÍLIA e BELÉM. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que o governo não teme os protestos de madeireiros e donos de serrarias contra o combate ao desmatamento na Amazônia. Segundo Marina, a Polícia Federal e o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis) vão levar adiante a Operação Arco de Fogo e outras medidas de repressão aos crimes ambientais. Policiais e fiscais estão orientados, porém, a evitar confrontos com setores da população que forem às ruas, insuflados pelos chefes do comércio ilegal de madeira.
- O governo não pode se sentir intimidado. Isso não é a primeira vez que acontece. O cronograma da operação (Arco de Fogo) está sendo mantido. Mas não cabe à PF ou à PM fazer confronto com essas pessoas que estão sendo insufladas. Ninguém neste país quer repetir Eldorado dos Carajás - disse a ministra.
Hoje, Marina Silva e os ministros Tarso Genro (Justiça) e Nelson Jobim (Justiça), se reúnem com o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Félix, para definir a estratégia que o governo usará para enfrentar os protestos, sem derramamento de sangue. A ordem inicial é evitar choques diretos com manifestantes. Para a ministra, a melhor alternativa é centrar a repressão nos chefes do comércio ilegal, como aconteceu em outras operações da PF e do Ibama. Por causa dos protestos em Tailândia, o início da Arco de Fogo, marcado inicialmente para hoje, foi adiado.
- A população não pode ser tratada como se ela fosse responsável. Vamos fazer o que fizemos antes: 665 pessoas foram presas (em 350 operações desde 2003) e nenhuma delas era cidadão comum da periferia - disse Marina.
A governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT), também afirmou ontem que as operações de repressão aos madeireiros continuarão:
- Não vamos nos intimidar - afirmou.
Ana Júlia disse que a ordem é retirar toda a madeira ilegal da região, mesmo que a operação precise durar 30 ou 60 dias. O material retido será leiloado e o dinheiro irá para um fundo de investimentos no combate ao desmatamento.
- Vamos continuar a operação contra o desmatamento ilegal, nem que eu tenha de andar de colete à prova de bala - disse ela.
Já o secretário estadual de Meio Ambiente, Walmir Ortega, reagiu às críticas dos madeireiros do Pará sobre a morosidade da Sema na liberação dos planos de manejo florestal sustentável para o setor. Ele afirmou que a secretaria manteve a média de liberação de planos de manejo do Ibama, que até o ano passado era o responsável pela liberação desses planos.
COLABOROU Ronaldo Brasiliense