Título: Ministros: segurança falha na Halliburton
Autor: Werneck, Antônio
Fonte: O Globo, 19/02/2008, Economia, p. 19

Governo determina que apenas superintendente da PF falará sobre investigação.

BRASÍLIA e RIO. Os ministros da Justiça, Tarso Genro, e do Gabinete de Segurança Institucional, Jorge Félix, apontaram ontem possíveis falhas no esquema de segurança montado pela Halliburton para transportar computadores com dados sigilosos da Petrobras entre a Bacia de Santos e Macaé, no Norte Fluminense, no fim do mês passado. Para evitar opiniões desencontradas na imprensa, o governo decidiu que apenas o superintendente da Polícia Federal (PF) no Rio, Valdinho Jacinto Caetano, falará sobre o caso.

Os dois ministros se reuniram ontem de manhã com os diretores da PF, Luiz Fernando Corrêa, subordinado a Tarso, e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Lacerda, ligado a Félix, para fazer uma avaliação das investigações. A reunião ocorreu na sede da Abin. "As investigações já estão em andamento e, independentemente da motivação do crime, elas revestem-se de importância, em função da possível fragilidade do sistema de segurança para o transporte de informações reservadas, que o episódio evidenciou", diz nota dos ministros.

A decisão de Tarso e Félix em promover uma reunião com Lacerda e Corrêa na sede da Abin chamou a atenção de policiais e analistas. Para eles, o simples encontro das autoridades no prédio da Abin é um claro indicativo de que o sumiço dos computadores não se trata de um crime comum. Em geral, a Abin só é acionada em casos de interesse de Estado. Crimes comuns, sem conotação política, são apurados apenas pela PF e a Polícia Civil.

A decisão de que apenas o superintendente da PF no Rio falará sobre o caso foi tomada na reunião. O governo quer evitar choques de opiniões nos jornais entre analistas da Abin e policias federais sobre o caso.

O presidente da BR, José Eduardo Dutra, disse que, durante sua gestão na presidência da Petrobras (2003 a 2005), ocorreram roubos de equipamentos:

- Roubo de equipamentos da Petrobras, isso tem sempre. Não me lembro de ter havido roubos dessa natureza, mas houve desaparecimento de equipamentos. Sobre este, não tenho elementos para emitir suposição.

Dutra disse não acreditar que o desaparecimento dos equipamentos da Petrobras tenha qualquer ligação com a retirada dos blocos da área de pré-sal situados próximos a Tupi do leilão realizado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) no fim do ano passado.

Dutra acha natural que o governo discuta a possibilidade de realizar mudanças na Lei do Petróleo em função da descoberta da reserva gigante, que pode ter até oito bilhões de barris:

- Na época em que a lei foi feita, em 1997, o Brasil produzia 600 mil barris por dia e tinha 6 bilhões de barris em reservas. A partir dessa descoberta, muda-se o patamar da indústria de petróleo no Brasil.