Título: Universal vai à Justiça contra reportagem sobre Justiça
Autor:
Fonte: O Globo, 22/02/2008, O País, p. 10
"Extra" está sendo processado pela igreja por publicar matéria com decisão judicial.
Com a alegação de ter tido a sua imagem denegrida, a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) está processando o jornal "Extra" e a jornalista Gabriela Moreira por causa de uma reportagem sobre decisão judicial desfavorável à igreja. Publicada em 6 de dezembro de 2007, a matéria "Igreja é condenada por má-fé" mostrava que a Iurd tinha sido condenada a devolver um automóvel e a pagar uma indenização de R$10 mil a uma fiel que fizera a doação à igreja em troca de "retribuição divina". Essa é mais uma ação que envolve a Universal e a imprensa. Fiéis e pastores da igreja estão processando, em várias partes do país, além do "Extra", a "Folha de S.Paulo" e a Agência A Tarde.
O jornalista Bruno Thys, diretor de Unidade Populares da Infoglobo, que também é processado nas cincos primeiras ações movidas por pastores contra o "Extra", considera que está havendo assédio judicial por parte da igreja à imprensa. Segundo ele, que era diretor de redação do "Extra" quando foi citado na ação, há uma "clara intenção", por parte da Universal, de intimidar os meios de comunicação e cercear o direito à liberdade de informação.
- Cumprimos rigorosamente o nosso papel de informar. Essa avalanche de ações é uma tentativa de uso da Justiça como instrumento de censura. A função da Justiça não é jamais garantir vantagens pecuniárias a quem quer que seja e muito menos tumultuar a vida da imprensa e dos jornalistas. Vamos continuar fazendo nosso trabalho e cumprindo nosso papel, que é o de informar a sociedade - disse Bruno Thys.
As primeiras ações contra o "Extra" e Bruno Thys são referentes à reportagem "Fiel da Universal danifica imagem". A matéria, publicada em 4 de dezembro de 2007, mostrava que um fiel na Bahia havia danificado uma imagem em madeira de São Benedito segurando o Menino Jesus. A imagem pertencia à Igreja de Nossa Senhora de Santana, em Salvador. As ações, embora individuais, têm quase o mesmo texto. Nelas, os pastores alegam que a intenção do jornal não foi apenas informar, mas provocar a ira dos católicos.
Na nova ação contra "O Extra", que tem a Universal como autora, a alegação é de que a "matéria não possui cunho informativo algum. Apenas cunho difamatório. Apenas utilizou-se do poder de propagação da notícia a nível nacional que o jornal possui, para incutir na mente de seus leitores a idéia que a autora pratica atos ilícitos em troca de promessas espirituais, o que não é verdade".
Segundo a jornalista Gabriela Moreira, autora da reportagem, "as informações contidas na reportagem são verídicas e foram baseadas em decisão da Justiça de Goiânia". Gabriela diz ter cumprido seu dever de informar e afirma confiar na Justiça.