Título: Dólar tem a menor cotação desde maio de 99
Autor: Alves, Cristina; Almeida, Cássia
Fonte: O Globo, 22/02/2008, Economia, p. 27

Durante o dia, Bovespa chegou a anular as perdas do ano, mas acabou fechando estável.

O fluxo positivo de dólar para o Brasil dos últimos dias fez a moeda americana ter sua quarta queda consecutiva, ontem. A cotação caiu 0,75%, para R$1,712, a menor desde 21 de maio de 1999, quando o dólar encerrou valendo R$1,703. Desde o pico do dólar na atual crise, em 16 de agosto, a moeda já caiu 18,24%. Em quatro dias, recuou 2,34%.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse no Rio que a valorização do real é "o preço do sucesso". Pare ele, a moeda se valoriza porque os investidores têm muita confiança no Brasil, acham que vão entrar mais recursos no país e o grau de investimento está mais próximo.

Ontem, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) chegou a anular as perdas do ano, com o principal indicador, o Ibovespa, batendo 64.631 pontos, o que representaria uma alta de 1,17% em 2008 e 1,39% no dia. Com a continuidade das incertezas quanto à economia americana, o Ibovespa encerrou o dia praticamente estável, em alta de 0,07%, aos 63.792 pontos, 0,15% abaixo do encerramento de 2007 (63.886 pontos). O risco-país subiu 4,05%, para 257 pontos centesimais.

A falta de direção clara não foi exclusividade da Bovespa. O índice Dow Jones chegou a subir 0,61%, mas encerrou em queda de 1,15%. Já o eletrônico Nasdaq subiu 1,15%, mas fechou em queda de 1,17%.

Entre os fatores que desencadearam o pessimismo, o escritório do Federal Reserve (Fed, banco central americano) na Filadélfia divulgou um índice de atividade negativo em 24 pontos em fevereiro, frente à queda de 20,9 de janeiro e à expectativa de 16 negativos do mercado. Segundo o analista Gustavo Barbeito, da Prosper Gestão de Recursos, foi o pior nível desde outubro de 2001, um mês após os atentados de 11 de setembro nos EUA.

Após a divulgação desse dado, o banco Merrill Lynch divulgou comunicado em que considera que os EUA podem enfrentar uma recessão pior que a daquele ano e próxima da crise dos anos 1990. Mas o banco avaliou que o Fed deverá promover um novo corte de 0,50 ponto percentual nos juros em 18 de março.

Outro indicador negativo foi divulgado pelo Instituto Conference Board: o índice de indicadores antecedentes - que prevê as atividades futuras - caiu 0,1% em janeiro, repetindo a queda de dezembro, destacou Álvaro Bandeira, economista-chefe da corretora Ágora.

No Brasil, a resistência no campo positivo da Bolsa foi sustentada pelos dados positivos sobre dívida externa e, também, pelas ações do setor siderúrgico, diante da continuidade da demanda mundial por aço. Além disso, algumas empresas do setor são auto-suficientes, ou quase, na matéria-prima, minério de ferro.

Dados de dívida e siderurgia seguram Bolsa

As ações preferenciais (PN, sem voto) da Usiminas - que adquiriu recentemente minas e deve se tornar auto-suficiente em 2012 - chegaram a subir 7,35% e encerraram em alta de 5,39%, a maior entre os papéis do Ibovespa. As ações da CSN - auto-suficiente com a mina Casa de Pedra - bateram 4,66% de valorização no dia, e encerraram em alta de 2,34%.

Outra alta expressiva foi das ações da Vivo, de 5,16%, após a divulgação de resultado, com lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, em inglês) de R$908,3 milhões no quarto trimestre, 5,9% acima do período anterior.

COLABOROU Mariana Schreiber