Título: Planalto ainda resiste a entregar cargos de CPI
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Fonte: O Globo, 21/02/2008, O País, p. 8

Garibaldi fará hoje sessão do Congresso para leitura do requerimento que cria a comissão

BRASÍLIA. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), fez ontem, sem sucesso, mais uma investida junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tentar convencê-lo a entregar um dos cargos de comando da CPI Mista do Cartão Corporativo à oposição. Em telefonema no fim do dia ao presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), Jucá preferiu adiar por mais um dia a resposta definitiva. De qualquer forma, o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), deverá realizar hoje sessão do Congresso para a leitura do requerimento que solicita a criação da CPI mista.

Já o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), endureceu o discurso e disse que a base não vai ceder nenhum dos cargos de comando da CPI mista - presidência ou relatoria - para a oposição. Na direção contrária dos discursos de Jucá e do líder do PT, deputado Maurício Rands (PE), que admitiram discutir a divisão de postos, Fontana disse que é prerrogativa de PT e PMDB ficar com os cargos, e que isso está previsto pelo regimento interno. O petista afirmou que a oposição não está demonstrando o interesse de negociar, e sim em "querer criar marola onde puder".

- A oposição tem dado sinais de que não quer o entendimento, mas sim o conflito. Se houvessem 100 passos para serem dados numa aproximação entre governo e oposição, o governo já deu 80 passos ao aceitar a CPI e a oposição não deu nenhum. Eles têm que dar os outros 20 - disse Fontana.

O deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC) ironizou as declarações do presidente Lula, que disse que a ex-ministra Matilde Ribeiro - que saiu do governo depois de ter usado o cartão corporativo para compras pessoais, inclusive em free shop - não cometeu crime algum.

- Existe o estado de direito e o direito do Estado. O presidente Lula acredita no segundo. Ele já absolveu a ministra, falando pelo Judiciário, pelo Legislativo... É o presidente três em um - ironizou Bornhausen.

Mantega nega ter pedido desculpas ao PSDB

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou ontem que tenha ligado para o presidente do PSDB, senador Sergio Guerra (CE), para pedir desculpas pelo vazamento de informação da Receita Federal sobre a existência de notas frias na contabilidade do partido. Segundo o ministro, o telefonema teve o objetivo apenas de informar ao PSDB que está sendo aberta auditoria na Receita para apurar o caso e repudiar atos desse tipo.