Título: Reforma vai demorar, dizem entidades
Autor: Vasconcellos, Fábio; Lins, Letícia
Fonte: O Globo, 23/02/2008, O País, p. 4

Para Fiesp, proposta é "filosofal" e sofrerá resistência dos estados.

As entidades que reúnem o setor produtivo classificaram como "filosofal" a nova proposta de reforma tributária anunciada pelo governo, que prevê desoneração da folha de pagamento e promete acabar com a guerra fiscal entre os estados até 2016.

De acordo com Hélcio Honda, diretor do Departamento Jurídico da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), é preciso conhecer os detalhes da proposta para entender quais serão os princípios da reforma e quem vai aplicá-los.

- A desoneração da folha de pagamento é essencial, pois vai permitir melhoria para as empresas e trabalhador. Mas o país precisa de uma reforma ampla e profunda. Porém, será uma longa jornada. Mas tudo ainda está numa fase filosofal - diz Honda.

Para o diretor da Fiesp, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) é o ponto nevrálgico da reforma, pois arrecada cerca de R$180 bilhões por ano. A mudança da cobrança do imposto no destino, ao invés da origem das mercadorias, como é feito hoje, é o grande entrave, pois é a principal arrecadação da maioria dos 27 estados do país:

- O caminho ainda é longo.

Essa é também a opinião do Coordenador do Núcleo Econômico da Fecomércio-RJ, João Carlos Gomes, que vê o envio do projeto ao Congresso como um primeiro passo.

- Nossa expectativa é de que a discussão será lenta no Congresso, como vinha sendo até então. A reforma é uma reivindicação antiga do setor produtivo e teremos que continuar pressionando.

Gomes acredita que a desoneração da folha salarial vai beneficiar bastante o setor de comércio, que emprega muita mão-de-obra, mas teme que essa redução venha acompanhada de outros aumentos de tributação:

- O problema é que, apesar de as mudanças estarem sendo discutidas, não existe indicação de redução da carga tributária.

O representante da Fecomércio- RJ afirma que a maior eficiência dos gastos públicos, com conseqüente corte de gastos, é o melhor caminho para viabilizar a redução dos impostos. A Firjan e a Confederação Nacional da Indústria não vão comentar a proposta enquanto ela não for oficializada.