Título: Iurd nega orquestrar ações contra imprensa
Autor:
Fonte: O Globo, 20/02/2008, O País, p. 10
IMPRENSA: "A Iurd respeita a liberdade de imprensa, porém não admite que reportagens sejam usadas para ofensas"
Igreja Universal divulga nota em que afirma não incentivar seus fiéis a mover processos contra jornalistas
A Igreja Universal negou ontem que esteja orquestrando ações judiciais de fiéis e pastores contra a imprensa. Em vários estados do país, fiéis da Universal entraram na Justiça contra os jornais "Folha de S.Paulo", "Extra" e Agência A Tarde. Os textos das ações são similares e a justificativa é a mesma, no caso da "Folha": eles alegam estar sendo vítimas de ofensas por causa de reportagem publicada em 15 de dezembro sobre o crescimento do império empresarial do bispo Edir Macedo e de sua igreja.
A quantidade de ações tem obrigado jornalistas citados e os advogados dos jornais a fazerem várias viagens para participar das audiências, muitas marcadas num mesmo dia. Na nota, a igreja, que não respondeu às perguntas da reportagem da "Folha", apesar de ter sido procurada, diz respeitar a liberdade de imprensa. Mas afirma que não admite que "reportagens sejam usadas para ofensas".
A íntegra da nota divulgada pela Igreja Universal:
"A Igreja Universal do Reino de Deus, entidade religiosa há 30 anos no Brasil, com mais de 5 milhões de fiéis e presente em 170 países, vem a público esclarecer que:
"1. Fiéis de várias partes do país estão procurando a Iurd para manifestar seu repúdio em relação às notícias classificadas como lamentáveis, publicadas por veículos de comunicação, especialmente no que se refere à origem e destinação de seus dízimos;
"2. O dízimo é um aspecto da liberdade de crença consagrada pela Constituição Federal;
"3. A Iurd já ingressou com suas ações judiciais e não tem qualquer interesse de orquestrar e incentivar processos individuais por parte de seus fiéis;
"4. A Iurd respeita a liberdade de imprensa, os jornalistas e suas entidades representativas, porém, não admite que reportagens sejam usadas para ofensas de outras garantias constitucionais como a dignidade da pessoa humana, o acesso à Justiça, à liberdade de crença e à inviolabilidade da honra;
"5. A imprensa deve atuar com responsabilidade e não prejulgar, manipular ou condenar precipitadamente;
"6. A Iurd não está à margem da sociedade. É uma entidade regularmente constituída, conforme a legislação brasileira, que deve ser respeitada como todas as outras denominações religiosas no estado democrático de direito. É inaceitável, que no uso de suas prerrogativas, a mídia utilize denominações ofensivas e preconceituosas como seita, bando e facção em referência à Iurd;
"7. A Iurd apóia a posição de todas as entidades de classe quando está em questão a democracia. A imprensa, com responsabilidade, pode noticiar, e os fiéis, da mesma forma, podem acessar a Justiça;
"8. Cabe ao Judiciário, com a imparcialidade e independência que lhe são inerentes, a palavra final."