Título: Saúde foi o ponto alto de divergência
Autor: Martins, Marília
Fonte: O Globo, 23/02/2008, O Mundo, p. 39

NOVA YORK. O sistema de saúde dos Estados Unidos foi o ponto de ebulição nos momentos mais tensos entre Barack Obama e Hillary Clinton no debate da quinta-feira. E mais uma vez foi Hillary quem tomou a iniciativa.

¿ Você sabe ¿ disse ela ¿ quando propus um plano de assistência médica universal, como o senador Edwards, assumimos um grande risco porque sabemos que é politicamente controverso afirmar que vamos bancar todo mundo. Você optou por um plano que deixará de fora pelo menos 15 milhões de pessoas. Isto é uma diferença e tanto.

É um ataque que ela vem fazendo com freqüência na campanha, acusando Obama de deixar milhões de americanos sem acesso à cobertura médica e afirmando que seu plano é verdadeiramente universal. Então, qual é exatamente a diferença entre as duas propostas?

Os dois planos são similares na forma como procuram tornar o seguro-saúde mais disponível. A proposta de Hillary autoriza que qualquer um adquira um plano de assistência médica, ao passo que a de Obama limita a cobertura às crianças.

Porém, Hillary não especificou como ela vai fazer seu projeto funcionar. O plano prevê uma contribuição obrigatória do beneficiário e, para especialistas, a forma de garantir isso seria impondo algum tipo de penalidade.

¿ A senadora Hillary acredita que a única forma de alcançar uma cobertura universal de saúde é forçar todo mundo a comprá-la ¿ disse Obama no debate. ¿ E minha opinião é que as pessoas sem cobertura não estão nessa situação porque não querem adquirir o plano, mas sim porque não podem comprá-lo.

A maioria dos especialistas, no entanto, argumenta que o debate trata essencialmente de semântica, levando as pessoas a perderem o foco do objetivo global e da dificuldade em repensar a forma como a cobertura médica é tratada no país.