Título: Dólar tem menor cotação desde março de 2000
Autor: Frisch, Felipe
Fonte: O Globo, 20/02/2008, Economia, p. 25

Moeda fecha a R$1,733, com entrada de investimentos estrangeiros. Bolsa cai 0,80%, após recorde do petróleo

RIO, NOVA YORK e LONDRES. Com a aparente volta das boas notícias ao mercado financeiro nos últimos dias, o fluxo de investimentos estrangeiros voltou a crescer e o dólar comercial fechou ontem cotado a R$1,733, a menor cotação desde 24 de março de 2000 (quando também encerrou a R$1,733). A queda ontem foi de 0,17% e, no ano, já é de 2,48%. Desde o auge da crise das hipotecas americanas de alto risco, em 16 de agosto, a moeda já caiu 17,24%.

Ainda como reflexo do reajuste de 65% do minério de ferro obtido pela Vale em acordo com siderúrgicas asiáticas, anunciado na véspera, o principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o Índice Bovespa (Ibovespa), chegou a subir 1,25% pela manhã, a 63.589 pontos. A alta foi suficiente para reduzir as perdas do Ibovespa a 0,46% no ano, mas o índice acabou encerrando o dia em queda de 0,80%, a 62.296 pontos, após o recorde da cotação do petróleo em Nova York. O risco-país teve leve alta, de 1,54%, a 264 pontos centesimais.

Papéis da Vale chegam a subir 8,05% em Nova York

Com um dia de atraso - devido ao feriado do Dia do Presidente, na segunda-feira nos Estados Unidos -, os recibos de ações (ADRs) das ações ordinárias (ON, com direito a voto) da Vale, negociados em Nova York, encerraram em alta de 4,59%. Durante o dia, chegaram a subir 7,30%.

Já os recibos das preferenciais (PNA, sem voto) atingiram valorização de 8,05% e fecharam em alta de 4,81% no dia. No Brasil, as ações PNA caíram 0,49% ontem, após subir 5,07% na véspera. As ONs continuaram subindo, 0,55%, após a alta de 4,29% da véspera.

Segundo André Segadilha, gerente de análise da Prosper Corretora, a virada no mercado começou com investidores querendo embolsar os lucros dos últimos dias, vendendo ações. Com a alta do petróleo, as ações PN da Petrobras resistiram e fecharam em alta de 0,41%. As ONs subiram 0,04%.

Álvaro Bandeira, economista-chefe da Ágora, lembra que o dia começou bem com os anúncios de resultados corporativos: a rede varejista Wal-Mart, nos EUA, lucrou US$4,1 bilhões, 4% a mais no trimestre terminado em janeiro. Já a empresa de informática Hewlett-Packard (HP) superou as expectativas e lucrou US$2,133 bilhões, crescimento de 38% em um ano.

Também houve novos anúncios de perdas com as hipotecas de alto risco (subprime) dos EUA. O Credit Suisse teve US$2,85 bilhões em baixas contábeis e informou ter descoberto erros em valores registrados de ativos. O banco informou que as baixas contábeis vão eliminar do lucro líquido do primeiro trimestre US$1 bilhão e suspendeu alguns operadores, que serão investigados. Já o Barclays, terceiro maior banco da Grã-Bretanha, elevou o total de baixas contábeis sofridas em 2007 e referentes a ativos de risco para 1,6 bilhão de libras (US$3,1 bilhões). Apesar disso, a instituição divulgou lucro antes de impostos em 2007 de 7,08 bilhões de libras (US$13,7 bilhões), abaixo do resultado de 7,14 bilhões de libras (US$13,9 bilhões) de 2006, mas levemente acima da estimativa de analistas, de 7,05 bilhões de libras (US$13,7 bilhões). Anteriormente, o banco havia anunciado baixas contábeis de 1,3 bilhão de libras (US$2,5 bilhões) em ativos relacionados à crise das hipotecas.

Citigroup fechará agências em América Latina, Ásia e Europa

Na Bolsa de Londres, que não pegou o recorde do petróleo, o índice FTSE fechou em alta de 0,34% . Em Frankfurt, o DAX avançou 0,5% e, em Paris, o CAC-40 subiu 0,49%.

Ainda em decorrência da crise, o Citigroup deve vender ou fechar agências e operações de financiamento na América Latina, Ásia e Europa, para se concentrar em operações mais lucrativas, informou ontem o "Wall Street Journal". O banco pode se desfazer de pelo menos parte de sua unidade de financiamento no México, onde opera com crédito de risco, além de vender a CitiFinancial, no Japão, e algumas unidades de crédito no Reino Unido, segundo o jornal. O banco não quis comentar a notícia.

(*) Com agências internacionais