Título: Pertence assume Conselho de Ética e cobra de Lula decisão sobre Lupi
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Fonte: O Globo, 26/02/2008, O País, p. 4

DINHEIRO PÚBLICO: Centrais entregam a presidente carta com crítica a Marcílio.

Ministro é intimado a explicar denúncia de beneficiar ONGs ligadas ao PDT.

BRASÍLIA e SÃO PAULO. Há dois meses aguardando uma decisão do presidente Lula sobre a recomendação de demissão do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que resiste em deixar o comando do PDT, o presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência da República, Marcílio Marques Moreira, antecipou o fim do seu mandato e passou ontem o cargo ao ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Sepúlveda Pertence. Tão logo assumiu, Pertence cobrou uma decisão do presidente e comunicou o envio de nova intimação para que Lupi dê explicações, em dez dias, sobre denúncias de que usou o cargo para beneficiar, com recursos que chegam a R$50 milhões, ONGs ligadas à Força Sindical e ao PDT. Entre as ONGs estaria a DataBrasil.

Marcílio e Pertence disseram que, se Lula decidir contrariamente à recomendação da demissão, a Comissão não se autodissolverá porque os mandatos foram outorgados pelo presidente. Mas caberá a cada membro decidir o que fazer.

- Diante da recusa do ministro a sair, a única autoridade competente para tomar uma decisão daqui para a frente é o presidente. Nossa decisão já foi tomada - disse Pertence.

- Quando Stalin perguntou para o Papa: quantas divisões temos? Ele respondeu: Não temos tropa nenhuma a não ser nossas consciências e nossa autoridade moral - disse Marcílio.

No mesmo dia em que houve troca de comando na Comissão, cinco das seis centrais sindicais entregaram a Lula uma nova carta de ataques a Marcílio e de apoio a Lupi. Ao final da carta aparece um número de telefone do Ministério do Trabalho. Segundo o documento, Lupi é "vítima de uma explícita campanha difamatória" e sofre "implacável perseguição política". A nota assinada pelos presidentes da Força Sindical, da União Geral do Trabalhadores, da Nova Central Sindical, da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) e Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB). Segundo a assessoria de imprensa da Força, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), embora não tenha endossado o documento, também manifestou apoio a Lupi.